A relação entre desemprego e pobreza é muito estreita e os mais recentes dados sobre o risco de pobreza deixam bem claro que quem fica desempregado tem enorme probabilidade de cair na pobreza, até porque cada vez menos desempregados têm acesso ao subsídio de desemprego porque este governo mudou as regras de atribuição. O Inquérito às Condições de Vida e Rendimentos do INE dá a conta disso mesmo: 40,2% dos desempregados estão em risco de pobreza, contra 18,7% do resto da população. Se contarmos com os inativos, o risco de pobreza sobe para 69,7%.
Os dados deste relatório do INE dão conta de uma realidade aterradora, com os números da pobreza a subirem 0,6% para a população empregada. Cada vez mais, empobrece-se a trabalhar.
Estes dados remontam a 2012, quando se começaram a fazer sentir os efeitos dos cortes nos salários e da política da austeridade. Mas em 2013 e 2014 a austeridade aumentou e por isso só podemos esperar que a situação hoje seja muito pior, muito embora na altura nesta altura já existissem 1,8 milhões de pessoas pobres em Portugal.
Mas mais, sem Estado Social o INE estima que a pobreza atingisse 46,9% da população. As transferências sociais do Estado, como o subsídio de desemprego, o RSI, o abono de família e o subsídio de doença fazem este valor descer quase 30 pontos percentuais.
