FRATERNIZAR~- ENQUANTO SE MANTIVER, FÁTIMA É A NOSSA VERGONHA! – por Mário de Oliveira

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As minhas respostas às 10 Perguntas formuladas por uma estudante do norte do País, com vista ao desenvolvimento de uma dissertação de mestrado em Ciências da Cultura (UTAD)

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 1- Como é que a Igreja caracteriza as aparições ocorridas na Cova da Iria em 1917?

É público e notório, o modo como a hierarquia da Igreja católica caracteriza e trata as “aparições” na Cova da Iria. Embora os bispos tenham de reconhecer, comigo, que nada daquilo faz parte da Fé da Igreja católica, pelo que ninguém deixa de ser católico pelo facto de não acreditar naquela pantomina que acaba por ser a vergonha da Igreja e do país que somos, a verdade é que, na prática, todos eles tratam aquilo como se fosse o núcleo duro da Fé da Igreja católica. Nenhuma das Igrejas protestantes vai naquela lenga-lenga. E fazem muito bem. Os Bispos chegam a ser obscenos, nas suas posições públicas! Para mim, sempre tenho dito e direi que Fátima e a sua mítica senhora são mentira e crime. Por isso, um pecado sem perdão, porque reiteradamente praticado como se fosse virtude. E também um crime que a Polícia Judiciária deveria investigar, nomeadamente, de onde vem tanto dinheiro, todos os meses, todos os anos. Não digam que é tudo fruto das “ofertas” dos devotos, elas e eles. Não é. Não pode ser.

 2- Qual a relação da Igreja com os três Pastorinhos?

A relação da Igreja com os três pastorinhos é péssima. Primeiro, utilizou-os, como actores no teatrinho que concebeu para ser levado à cena, todos os dias 13 de Maio a Outubro de 1917, na Cova da Iria, nos terrenos dos pais de Lúcia, a mais velha dos três crianças e a única que fala e toma a iniciativa de fazer perguntas, virada para a carrasqueira, uma vez que a “aparição” nunca tomou a iniciativa de falar. Porque as árvores não falam, pelo menos, em fala de gente, ainda que nós possamos falar para elas. A programação anunciada em 13 de Maio falhou no mês de Agosto, porque os autores do teatrinho não previram que o administrador do concelho de Ourém iria interferir no decurso da encenação e, no dia 13 desse mês, levou com ele as três crianças para sua casa. Resultado: a “senhora” não foi lá ter com elas e não houve teatro. Dizem que a sessão ocorreu depois do regresso das crianças a casa, no dia 15 à tardinha, fora da Cova da Iria e sem multidões a assistir. Acredite quem quiser. Eu não acredito. Depois de os utilizar, a Igreja, na pessoa dos clérigos do concelho, abandonou os dois irmãos, Francisco e Jacinta, à sua sorte, inclusive, quando a pneumónica os apanhou e matou, sem que a milagreira senhora de fátima lhes valesse. Depois, em relação à sobrevivente Lúcia, a actriz principal, o clero não descansou enquanto a não roubou à mãe e a sequestrou em segredo no Asilo de Vilar, Porto, sob falsa identidade, até a convencer a fazer-se freira, primeiro, doroteia, mais tarde, quando as coisas estavam a aquecer e a comunicação social começou a querer meter-se no assunto, freira carmelita de clausura, sob as ordens do Papa. Até à sua morte, por sinal, tardia, já ela passava dos 90 anos. Entretanto, a partir de 1935, o mesmo clero faz publicar, sob o nome de Irmã Lúcia, um livro chamado “Memórias da Irmã Lúcia”. E, quando, muitos anos depois, foi preciso branquear certas afirmações negativas sobre os seus próprios pais, os mesmos clérigos juntaram-lhe o Volume 2, apenas com duas “memórias”, uma sobre o pai e a outra sobre a mãe, nas quais ambos mais parecem míticos santos de altar, do que seres humanos!!! Queremos maior mentira e crime/pecado do que isto de Fátima?

3- O que representam ainda hoje aquelas três crianças para a Igreja?

Para a Igreja, que já beatificou os dois desgraçados irmãos e ainda não se sabe o que vai fazer com a Lúcia, falecida recentemente, as três crianças são apresentadas como exemplo de virtude e como modelo de santidade, que todas as mães, todos os pais devem ter para as suas filhas, os seus filhos. Mas que mães, pais querem que as suas filhas, os seus filhos tenham um viver tão desgraçado, aterrorizado, sofrido, como o da Jacinta e o do Francisco, ou vivam encurraladas, encurralados por toda a vida num convento de clausura, como a Lúcia? Só se estiverem possessos do “demónio” de Fátima, triturador, castrador e devorador de crianças! Um outro proveito, mas de ordem financeira, é que as crianças beatificadas dão muito dinheiro a ganhar aos clérigos gestores dos respectivos cultos.

 4- O milagre prometido pela Nossa Senhora acontecera, o sol “bailou”.

   Como é que a igreja descreve este milagre?

Quem nos garante que o sol “bailou” no dia 13 de Outubro de 1917? O repórter fotográfico do jornal O SÉCULO esteve lá, para fotografar tudo, mas só fotografou os milhares de “peregrinos” enlameados e aterrorizados. Quanto ao sol a bailar, não viu nem fotografou nada. Aliás, a própria Lúcia diz, na altura, que viu não o sol a bailar, mas que viu no sol s. josé, o menino-jesus, e mais uma mão cheia de nossas senhoras de distintos nomes. E que o “milagre” foi a senhora/carrasqueira dizer, “A guerra acaba hoje!”. Mentira! A guerra só acabou mais de um ano depois! Quanto à Igreja, aproveita-se até à náusea da fantasiosa manchete de O SÉCULO – “O sol bailou em Fátima” – cujo repórter de texto fez o frete ao clero de então, ou ele não fosse um ex-seminarista que, na altura do “milagre”, até já se dizia ateu/agnóstico, para parecer que não estava a fazer qualquer frete. Porém, é público que, neste aspecto, o seu currículo profissional deixou muito a desejar!!!

 5- Os segredos de Fátima foram sujeitos a muitas críticas de várias origens; como é que a igreja esclarece esta questão?

Em 1917, nunca se fala na existência de um “segredo”. Só depois. Numa manobra do Cónego Formigão, o grande artífice da pantomina de Fátima. Hoje sabemos que antes de dar início ao teatrinho das “aparições” em Fátima, o cónego Formigão passou mais de um mês em Lourdes, para ver e aprender como a marosca das “aparições” de lá, foi montada e teve sucesso. Depois, foi só adaptar o guião a Fátima e a Portugal. Uma vergonha. Só as “Memórias” que ostentam o nome da Irmã Lúcia, mas não são da sua iniciativa, falam desenvolvidamente do assunto. Quanto aos conteúdos do “segredo”, hoje já conhecidos, é melhor nem falar. Nunca a inteligência humana desceu tão baixo em degradação/humilhação. Por mim, não conheço maior causa/fonte de ateísmo em Portugal, do que Fátima e o seu “segredo” em três partes. Aliás, se Deus fosse assim, como as “Memórias” dizem que é, eu próprio só poderia ser ateu! Felizmente, não é. E o que as “Memórias” dizem de Deus faz parte da mentira e do crime/pecado que Fátima é.

 6- Qual a razão para a clausura de Lúcia?

Quem não tem medo da verdade, nunca envereda por esse tipo de conduta que o clero fatimista impôs a Lúcia. Só com ela encurralada por toda a vida, depois dos dois irmãos terem sido abandonados pelo clero e dizimados pela pneumónica, é que a mentira e o crime/pecado duraram até hoje. Mas, também aqui, a verdade é como azeite: vem sempre ao de cima. Esperem para ver.

 7- Os sacrifícios eram constantemente pedidos pela Virgem. “Deus é amor é gratidão e misericórdia”. Qual a razão para impor ou solicitar sofrimento àquelas crianças?

Porque o Deus de Fátima é o mesmo dos cultos politeístas das religiões mais primitivas do paganismo. Um Deus sádico e cruel. Nem sequer o próprio filho poupa! É um Deus com tudo de monstro. Nos antípodas do Deus de Jesus. E a senhora de fátima tem tudo da mítica Virgem e mãe dos referidos cultos, quando era ainda o matriarcado que geria a vida em sociedade. Identificar Maria, mãe carnal de Jesus, com essa mítica virgem e mãe é o mesmo que escarrar na cara dela. De mulher que é, em tudo igual às nossas mães, passa a mito, causa e fonte de alienação das multidões, sobretudo, as mais sofridas! Só um Deus assim e uma deusa assim podem ter levado as crianças mais novinhas, a definhar e a suicidar-se paulatinamente com tantos sacrifícios pelos “pecadores”. Malditas catequeses que os clérigos ensinaram a crianças sem defesa, assustadas e crédulas, como estas três de Fátima. Não esqueçamos que por então corriam os anos de 1915 a 1920. Sem luz eléctrica nas aldeias. Anos de obscurantismo religioso e de terror nas mentes/consciências, incutidos pelos sermões dos Padres da chamada “Santa Missão” que reproduziam capítulos inteiros do livro “A Missão Abreviada”, sem dúvida, o livro católico mais terrorista dos séculos XIX e XX.

 8- As aparições de Nossa Senhora estabeleceram ou contribuíram para a harmonia entre a Igreja e o governo?

Só com a implantação do Estado Novo, de Salazar, é que as “aparições” de Fátima passaram a ter condições políticas para andar. Convém não esquecer que só em 1930, os Bispos portugueses, na pessoa do Bispo de Leiria, reconheceram como dignas de crédito as “aparições”. O cardeal Cerejeira e o seu compincha Salazar fizeram o resto. E ainda hoje, a cumplicidade entre a hierarquia católica e os sucessivos governos do Estado português é total. Aí está a Concordata, desde 1940, para o comprovar. Lembro que nem sequer a Revolução de Abril 74 se atreveu a “tocar” em Fátima. E eu que publiquei o livro FÁTIMA NUNCA MAIS, sei bem o preço que estou a pagar por isso. Os clérigos – não confundo com presbíteros e bispos – são o que há de mais vingativo. Ai de quem se atreva a tocar-lhes nos privilégios! Não perdoam. Excomungam-no das suas mesas, das suas vidas, das suas relações. Podem ser muito ecuménicos com os membros das outras igrejas cristãs, mas não com quem lhes toque nos seus privilégios. Aliás, já foi paradigmaticamente assim com Jesus. Não o mataram na cruz do Império?!

9- António de Oliveira Salazar foi uma figura importante para o crescimento/desenvolvimento do Santuário de Fátima?

Tão importante, que sem ele e o seu Estado Novo, provavelmente, Fátima nunca teria tido pernas para andar. Por falta de condições sociais, culturais e políticas. Com o fascismo e a Pide, cujos agentes eram quase todos ex-seminaristas, a mentira e o crime/pecado que Fátima é, foi rapidamente branqueada. O fascismo casa bem com o obscurantismo clerical e eclesiástico. Fátima ajudou a perpetuar o Estado Novo, e o Estado Novo ajudou a impor Fátima às populações analfabetas e condenadas à miséria imerecida.

 10- Fátima: Mito ou Salvação?

Por mim, formularia a pergunta por outra ordem: Fátima: Salvação ou Mito? Porque a resposta só pode ser a que está na segunda parte da pergunta, assim formulada. Fátima é um Mito. Pior. É mentira e crime/pecado. Pecado, por enquanto, sem perdão, porque reiterado até à náusea. E crime, por enquanto, ainda por investigar pela Polícia Judiciária. Talvez porque a Concordata não permite. Mas então haja coragem política e rompa-se com a Concordata! Enquanto se mantiver, Fátima é a nossa vergonha!

P.S.

Já agora, abram este link e escutem O 13 de Maio outro https://www.youtube.com/watch?v=xGMIbIxB7qY

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