MANUAL DO GUIONISMO – “A ARTE DE BEM MENTIR”? – por Clara Castilho

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João de Mancelos é professor dos cursos livres de Escrita Criativa na Universidade de Aveiro e de Laboratório de Guionismo na Universidade da Beira Interior. Da experiência dessas aulas, juntou os apontamentos e fez o livro Manual de Guionismo, numa edição Colibri (2013), o terceiro nesta colaboração (Introdução à Escrita Criativa” (4ª ed. 2013) e “Manual de Escrita Criativa” (2013). Mas será que é só para profissionais? Eu, que não percebo nada do assunto, fiquei a saber muito mais e a olhar de uma forma diferente para os “menus” que nos são apresentados, quer na televisão, quer no cinema. Gostei, sobretudo das muitas referências históricas a entendidos sobre o assunto, pessoas de quem já ouvira falar, mas que agora, neste diálogo orientado pelo autor me puseram a pensar.

manual do guionismo

Para quem quiser escrever um argumento para curta ou longa-metragem, em televisão ou cinema, tem ali as ferramentas todas. Lá estão as técnicas que levam o escritor desde a ideia inicial até à revisão do texto, passando pela construção das personagens e da intriga. Apresenta também numerosos exemplos, recorrendo a clássicos do cinema e a filmes recentes, a películas norte-americanas ou europeias. Isto, para não falar de exercícios, individuais ou de grupo. Informam-nos que este livro é um dos poucos que existem em língua portuguesa sobre o tema.  E junta-se a outras obras do mesmo autor, como “

Doutorado em Literatura Norte-Americana e pós-doutorado em Literaturas Comparadas, leccionou catorze anos na Universidade Católica Portuguesa, em Viseu. Actualmente, é professor de Guionismo na Universidade da Beira Interior, e de Escrita Criativa na Universidade de Aveiro.

Para além das obras já citadas, é autor de vários livros de poesia, conto e ensaio (por exemplo, Uma Canção no Vento: A Poesia de Eugénio de Andrade, O que sentes quando a chuva cai?, As fadas não usam batom e Línguas de fogo).

O autor tem uma página na net : http://joaodemancelos.wordpress.com/

No livro apreciei muito, por exemplo, o capítulo  “A arte de bem mentir”. Vejamos:

“ao ver na TV uma entrevista concedida pelo escritor Salmon Rushdie, deparei-me com esta afirmação: “Toda a literatura é feita de verdades e de mentiras. Separá-las é como tentar dividir a água quente da fria.

[…. ] Vivemos num mundo de realidades e factos: mas também habitamos numa sociedade onde as histórias são omnipresentes. A este propósito Roland Barthes… afirma “Inumeráveis são as narrativas do mundo…”

[… ] porquê esta necessidade de fantasia, numa era tecnológica e onde a ciência nos domina?… Já diz o lugar comum, os filmes são semelhantes a sonhos. Para tal contamos com a imaginação de escritores e guionistas, pessoas especializadas na arte de bem mentir”.

E finalmente, para que não nos convençamos de que será fácil esta arte:

[… ] “o que é necessário para escrever u bom argumento?… talento, técnica, trabalho”.

[…]  o cinema não é apenas a sétima arte, mas também uma conjugação de todas as expressões artísticas: escrita, fotografia, música, a representação, etc., cada qual contribuindo para o sonho feito celuloide.”

Gostei!

 

 

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