Selecção e tradução por Júlio Marques Mota
A carga da dívida alimenta a própria dívida
La charge de la dette nourrit la dette, por Arnaque
Parte II
(conclusão)
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Os juros da dívida alimentam a dívida
Aqui procuramos determinar as evoluções da dívida das administrações públicas na acepção de Maastricht, se nós não tivéssemos que pagar juros sobre a dívida, considerando que todos os outros elementos permanecem constantes (em especial a quantidade total de moeda em circulação na economia).
É pois evidente que pode haver algumas aproximações que, no final, não devem exceder 2% dos montantes registados.
Constatações:
É interessante poder visualizar a capacidade de ano a ano seja quanto às capacidades ou quanto às necessidades de financiamento das APu (sempre no sentido de Maastricht) – com e sem juros – ao longo dos anos.
(graphique modifié le 29/11/2010 – suivant données t_3346)
Entre o final de 1979 e o final de 2009 (30 anos), as APu (Estado, várias Administrações e Administrações da segurança social) tiveram de financiar os juros da sua divida no montante de EUR 1340 mil milhões, ou seja, uma média 44 mil milhões de euros por ano (120 milhões por dia).
Entre o final de 1979 e no final de 2009 a dívida com juros aumentou de 1250 mil milhões de euros.
Apesar do ano de 2009 ter sido catastrófico em termos de dívida (como será, também, sem dúvida, os anos de 2010 e 2011), a dívida, calculada sem juros , teria, no entanto, diminuído de 76 mil milhões de euros entre final de 1979 a 2009 e de EUR 215 mil milhões se nos referirmos ao final de 2007.
Pode-se mostrar sob a forma de um gráfico em valor e em proporção do PIB qual foi a evolução da dívida pública constatada e que esta se tornaria num sistema monetário em que o Banco da França teria podido “monetarizar” a divida directamente (sem passar por bancos comerciais para o fazer). Essa monetarização é por definição sem juros, uma vez que o banco da França é uma empresa nacionalizada desde 1 de Janeiro de 1946.
O gráfico simples em percentagem do PIB é talvez mais elucidativo ainda:
A justificativa dos proponentes (dos quais o único sobrevivente é Valéry Giscard d’Estaing), do artigo 25 da lei de 1973, que proíbe ao Estado de apresentar os seus próprios efeitos a desconto junto do Banco da França foi o seguinte: “impedir que o Estado utilize a rotativa e por consequência para limitar a inflação. Alto, a inflação foi muito largamente superior nos dez anos de 1973 a 1982 do que durante os 10 anos que antecederam esta data, de 1962 a 1972: 11,2% em média em vez de 4,4%,
Além disso, se a medida tivesse sido eficaz, não teríamos obviamente dívida e aqueles que podem defender que a dívida – ao nosso próprio Banco Central – teria sido maior se não tivéssemos tido esta obrigação de pagar juros aos detentores de moeda não têm, obviamente, nenhum argumento suficientemente sério para defenderem esta posição. Naturalmente, a dívida foi paga por um aumento da oferta de moeda nas mãos dos aforradores
Não há qualquer dúvida de que os juros pagos são a causa do aumento da dívida e do nível atingido actualmente, e se ele não tivesse havido juros a pagar então a dívida pública teria representado no final de 2009 quase metade da percentagem do PIB do que representava a de 1979, depois de uma dívida de quase zero em 2007.
Assim podemos afirmar que é na verdade o serviço global da dívida que tem alimentado a própria dívida ao longo destes últimos 30 anos.
No momento em que o governo quer a todo custo fazer poupanças, poupanças, que aliás terão impacto sobre o poder de compra sobre quem se aplicam, a primeira das poupanças seria a de monetarizar os juros da dívida pública, evitando assim que esta esteja a crescer e a impor, através do seu efeito bola de neve, ainda mais empréstimos ou mais sacrifícios para a população nos próximos anos .
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Ajout
En prenant comme hypothèses une dette de 1600 milliards d’euros fin 2010, un taux moyen de 3%, une inflation de 2% et une décision de monétisation directe par la Banque de France de 100 milliards d’euros par an , dont l’utilisation est répartie entre le paiement des intérêts (en priorité) et le remboursement de l’existant (pour le solde), en 17 ans la dette serait totalement remboursée, sans léser aucun des détenteurs.
Tomando como hipótese uma dívida de 1600 mil milhões de euros no final de 2010, uma média de 3%, uma inflação de 2% e uma decisão por monetizar directa pelo Banco de França de 100 mil milhões de euros por ano, cuja utilização é distribuída entre o pagamento dos juros (prioridade) e o reembolso do principal (para o saldo ), em 17 anos a dívida seria totalmente reembolsada sem prejudicar nenhum dos seus titulares.
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Ver o original em:
http://monnaie.wikispaces.com/Arnaque
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