PALESTINA – A hora de agir – 3 – por Carlos Loures

Eugène Delacroix - La Liberté guidant le peuple 
Nurit Peled é uma professora de Educação na Universidade de Telavive. Perdeu sua filha, de 14 anos, num atentado suicida que o Hamas reivindicou – Nurit Peled culpa a organização palestiniana, mas também a política de ocupação imposta pelo governo de Benjamin Netanyahu.  Na sua opinião, o.  terrorismo é uma consequência dessa política.

Numa recente entrevista afirmou que a justificação recorrente do Estado judaico é que as forças de intervenção estão a evitar um mal maior -«É lamentável que morram pessoas, mas não temos alternativa». E, ao ser-lhe pedida opinião sobre a esquerda israelita, diz que «não é grande coisa…». Em parte pelas limitações que o sistema político lhes impõe. E salienta que a maioria dos israelitas não estão conscientes da situação. Como, aliás, sucede no resto do mundo. A realidade passa ao lado das consciências.

No seu livro Palestina nos livros de texto israelitas: ideologia e propaganda na educação, Nurit denuncia os mecanismos de doutrinação usados no ensino oficial do seu país. E diz que o livro, com excelentes críticas no estrangeiro, quase não foi lido pelo público israelita. Nem sequer os colegas académicos. Afigura-se-lhe que líderes políticos, meios de de informação, só estão interessados em debater o que apresente o conflito do Médio Oriente como sendo um «choque de civilizações»… Toda a informação que vá no sentido de denunciar as manipulações religiosas e políticas que se processam na sociedade judaica, são mal vistas, ignoradas.

Adoptando um ponto de vista que complementa a posição de Nir  Bargam, também pensa que passou o tempo das palavras – é a hora de agir

Algunos líderes locais seguidores da estratégia da resistência não-violenta, afirmam que através da não-violência, o Exército israelita, com toda a a sua maquinaria armamentista, é incapaz de os vencer, afirma Nurit Peled, e acrescenta que os palestinianos estão muito esperançados, que são optimistas e positivos, que resistem apesar de tudo. Mas o exército israelita continua a oprimi-los, prendendo os rapazes por atirar pedras. Na conclusão da entrevista, pergunta o jornalista o que pode fazer a comunidade internacional, sobretudo o BDS (Boicote, Desinvestimentos e Sanções)?. E Nurit sugere: «Não deixem que os políticos ou os militares israelitas visitem os vossos países. Não deixem tocar os artistas nem os futebolistas jogar. Não comprem produtos israelitas. Todas estas coisas assustam muito Israel».

O crédito da Shoah, do Holocausto, que pensavam ser ilimitado e cobrir todos os actos, por mais vis, que sejam, parece estar a esgotar-se. O futuro não se adivinha fácil.

Amanhã falaremos das posições palestinianas.

 

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