Arthur Adamov (o seu nome verdadeiro era Adamian), dramaturgo francês de vanguarda, foi um dos fundadores e expoente do chamado teatro do absurdo. Nasceu na Rússia, em Kislovodsk, uma cidade termal do Cáucaso, filho de pais arménios de posses, mas que perderam os seus bens quando ocorreu a revolução de 1917. Tendo emigrado, estudou na Suíça, Alemanha e a partir de 1924, em Paris. Trabalhou em jornais e escreveu poesia, tendo-se ligado ao movimento surrealista. Cerca de 1937 sofreu de uma grave depressão, tendo tido entretanto contacto com a psicanálise durante o seu tratamento. Foi grande admirador de August Strindberg, cuja obra o influenciou profundamente, pelo menos na primeira fase da sua carreira, inclusive por Adamov se identificar com os problemas mentais que também afectaram o dramaturgo sueco. Também foi influenciado por Kafka.
A partir da sua doença, entre 1938 e 1943, escreveu L’Aveu, uma autobiografia psicoanalítica. A partir daí concebeu o teatro como uma forma de exorcizar as suas neuroses, para usar uma expressão de David Whitton. Muito influenciado também pelo expressionismo, a partir de 1947 escreveu peças como L’Invasion (1949), Tous contre Tous (1952) e Le Professeur Taranne (1953), que se podem classificar como pertencendo ao teatro do absurdo, considerando que o homem está impotente contra a solidão, debatendo-se constantemente com sonhos de perseguição e mutilação, para além do medo da morte. Posteriormente, influenciado por Brecht, e trabalhando em conjunto com Roger Planchon, evoluiu para um teatro mais de cariz social e político. Datam dessa altura Ping-Pong (1955), Paolo Paoli (1957), Le Printemps 71 (1961), La Politique des Restes (1962) e outras obras.
Adamov também foi tradutor para francês, de autores como Strindberg (O Pelicano), Tchekov (O Tio Vânia, As Três Irmãs), Dostoïevsky, Büchner, Gorki, Gogol, Rilke e outros. Foi também ensaísta e produtor teatral. Morreu em 1970, possivelmente por causa de uma dose excessiva de barbitúricos.