FRATERNIZAR – “BARBÁRIE, GRITAM, EM UNÍSSONO, AS ELITES OCIDENTAIS!” – por Mário de Oliveira

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A execução do jornalista norte-americano pelos jihadistas na Síria, em retaliação – é o que dizem – pelos sucessivos bombardeamentos do império USA no Iraque, e mostrada depois ao mundo em vídeo tecnicamente bem conseguido – a fase da ingenuidade e do improviso já lá vai, inclusive, ao nível militar – deixou o império USA e as elites dos privilégios dos estados ocidentais, Vaticano do papa Francisco à cabeça, em estado de choque. Barbárie, gritam todos, em uníssono. Mais do que barbárie, acção inominável, digo eu, ao mesmo tempo que acrescento umas quantas perguntas que aquelas elites sistematicamente sufocam. Eis: Se o jornalista em questão não fosse norte-americano, a reacção daquelas elites seria a mesma? Porque não reagiram, com a mesma unanimidade, às18 execuções públicas de palestianos que o Hamas acaba de realizar, a pretexto de que eram colaboracionistas de Israel? E as elites dos privilégios que hoje gritam, Barbárie, perante aquela execução, não são as mesmas que, na pessoa dos seus antepassados cristãos, católicos romanos ou não, cometeram sucessivos genocídios, realizaram cruzadas, guerras santas com indulgência plenária papal e tudo, para os que morressem nesses confrontos pela posse de territórios e respectivas riquezas? E o que está por trás de todas estas barbáries, de uma e outra banda, as fundamenta e lhes dá cobertura ideológica e até teológica? Não são os livros sagrados, concretamente, a Bíblia e o Alcorão? E pode haver seres humanos, vasos comunicantes, de cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas necessidades, enquanto tais livros continuarem aí a fundamentar/ legitimar todo o tipo de barbáries? A paz, enquanto não for desarmada, nascida do coito entre a justiça e a fraternidade praticadas, não é um ininterrupto estado de guerra? Quando aceitamos ser simplesmente humanos, regidos pelos afectos, em vez de cristãos, judeus, muçulmanos, adoradores de um deus que é o pai da mentira e do assassínio institucionais?!

 

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