PÓRTICO, de JOÃO JOSÉ COCHOFEL

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1919 - 1982
1919 – 1982

 

Pórtico, de João José Cochofel

 

 

Outros serão
os poetas da força e da ousadia.
Para mim
— ficará a delicadeza dos instantes que fogem
a inutilidade das lágrimas que rolam
a alegria sem motivo duma manhã de sol
o encantamento das tardes mornas
a calma dos beijos longos.

 

(Um ócio grande. Morre tudo
dum morrer suave e brando…)

 

Que os outros fiquem com o seu fel
as suas imprecações
o seu sarcasmo.
Para mim
será esta melancolia mansa
que me é dada pela certeza de saber
que a culpa é sempre minha
se as lágrimas correm …

 

João José Cochofel

 

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