EDITORIAL – O GOVERNO DE PORTUGAL E O RINGUE

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Ontem, vieram a público os resultados de uma sondagem sobre as intenções de voto para as próximas eleições parlamentares. O PS teria mais votos que o PSD e o CDS juntos, se as eleições fossem agora. À sua esquerda o PC mantém-se e o BE desce. À direita o CDS sobe um pouco. As forças políticas não representadas no parlamento também descem.

A subida do PS é atribuída por alguns comentadores ao efeito António Costa. Claro que também a vão atribuindo ao mau governo que temos aguentado nestes últimos anos. Mas o problema que se põe é assim: Costa venceu Seguro numas eleições primárias do PS. Ao fim e ao cabo, umas eleições internas de um partido. Sem querer duvidar dos méritos da sondagem (toda a gente sabe que são falíveis), como se pode aceitar sem mais nem menos esta interpretação? A questão não é de somenos. Até porque pode ter razão de ser. A vitória de Costa terá aumentado a sua credibilidade como candidato a primeiro ministro. Em detrimento mesmo de candidatos de outros partidos.

É um facto que o grau de visibilidade dos candidatos a uma eleição condiciona as intenções de voto. Muitas vezes mais do que as suas propostas políticas. Questão muito séria esta, até porque neste caso concreto Costa evitou tomar posições em questões importantes. Quase  que se pode dizer que só as tomou quando não o pôde evitar.

A democracia não é uma coisa fácil. Qualquer governo em qualquer país terá de aplicar políticas concretas e transparentes, e em Portugal isso é perfeitamente evidente. Mesmo os cidadãos mais moderados estão conscientes que são necessárias grandes mudanças. Assim seria bom que se passasse ao nível da discussão das propostas concretas. Porque é que as discussões à volta da saída do euro e da União Europeia apenas são promovidas por indivíduos e organizações particularmente, fora do chamado arco do poder? Nem mesmo sondagens se fazem regularmente sobre temas como este, ou outros de grande importância. Resumir o debate público a confrontos de líderes é o mesmo que dizer que a vida política é um combate de ringue. No seu estado actual há todos os motivos para o pensar.

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