CRÓNICAS DO QUOTIDIANO – AINDA O SÍNODO SOBRE A FAMÍLIA – por Mário de Oliveira

 

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O QUE DISSERAM OS BISPOS E O PAPA?

 

Acabo de ter acesso ao Documento integral do Sínodo e ao discurso integral do papa, na sessão de encerramento. E mais se confirma o que já tenho dito: Estamos perante uma grande encenação mediática que deixará tudo na mesma, por isso, pior. As expectativas criadas redundarão numa planetária decepção. Os dois textos são reveladores do que pensam os bispos e o papa. Desiludam-se, pois, os Gays, os divorciados recasados, os que vivem em união de facto e quantos co-habitam antes de casarem canonicamente. O texto dos bispos apresenta-se cheio de frases sonantes, nenhum reconhecimento das novas situações concretas. O papa é ainda mais hábil no uso do verbo, mas totalmente fechado a mudanças substantivas. Nem por uma vez, os bispos e o papa se referem ao primado da consciência dos casais sobre as leis canónicas criadas/impostas pela hierarquia celibatária à força. Vejam só como o papa inicia o seu discurso: “Queridas Eminências, Beatitudes, Excelências, irmãos e irmãs”. Um escrever/falar em total oposição a Jesus, o do Evangelho, que rebenta com todo o tipo de hierarquia e de pirâmide, ao sublinhar que quem quiser ser o maior faça-se o servo de todos e quem quiser ser o primeiro faça-se o último de todos; e, ainda, Vós sois todos irmãos”. Para o papa Francisco, primeiro, estão as Eminências, depois, as Beatitudes, depois as Excelências, só depois, os irmãos e, por fim, as irmãs! Para cúmulo, no Sínodo não participa nenhum casal recasado, muito menos, um casal gay e um casal jovem em co-habitação. São os bispos e o papa, canonicamente, impedidos de constituir família, que debatem/decidem questões que lhes são de todo estranhas. Os frutos serão nenhuns. O mais aonde podem ir, é dispor-se a acolher com “misericórdia” os “pecadores”, os “perdidos”, os “feridos”. É assim que os bispos e o papa rotulam quantos vivem em situação que eles têm como canonicamente irregular. De resto, o papa é categórico, ao garantir que “nunca se coloca em discussão as verdades fundamentais do Sacramento do Matrimónio: a indissolubilidade, a unidade, a fidelidade e a ‘procriatividade’, ou seja, a abertura à vida”. Que mudança, então?!

21 Outº 2014

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