PRAÇA DA REVOLTA – Força, Catalunha! – por Carlos Loures

Eugène Delacroix - La Liberté guidant le peuple

Os catalães estão numa encruzilhada da História.

Podem ficar onde estão, integrados no Reino de Espanha, cidadãos de uma «nação de nações», mas onde uma delas centraliza o poder, impõe a sua cultura e a sua língua como matrizes da unidade; é a decisão mais cómoda. Podem escolher o caminho da independência e suportar as dificuldades inerentes a essa decisão.

Quando os portugueses decidiram sair do império dos Habsburgos, suportaram uma guerra de quase três décadas; hoje, a guerra será talvez diferente, travando-se no campo da Economia. Madrid fará tudo para dificultar a independência catalã, pois sabe que um precedente pode implicar o desmoronamento do frágil castelo de cartas herdado da Falange. Galegos, bascos (e talvez não só) podem sentir-se incentivados pelo exemplo catalão.

De uma coisa os catalães devem ter consciência – estão sozinhos. Estados Unidos, União Europeia, Rússia, China… não gostam de secessões. O estado peninsular não integrado no reino, segue uma política cobarde de solidariedade com a caduca monarquia vizinha. Nem sequer exige que lhe seja devolvido o território roubado, quanto mais apoiar a independência da Catalunha!

Sozinhos? Em Portugal e julgo que por todo o mundo, há corações que anseiam pela vitória catalã.

Catalunha: nós, os que estamos contigo, somos aqueles sonhadores que geralmente vêem o pesadelo triunfar sobre o sonho. Só temos a força da razão que nos diz que não é justo que ainda haja na Europa nações oprimidas. O nosso apoio está garantido. Porém, Catalunha, só os teus filhos podem decidir entre a comodidade de que desfrutam no ninho e as dificuldades de construir um Estado catalão. A liberdade tem custos.

 

 

2 Comments

  1. Novas versões históricas: quando os portugueses decidiram sair do império dos Habsburgos, a existência na Europa de nações (a Catalunha) oprimidas.

    1. La historia tiene un componente inevitable de interpretación. Incluso la historia más sólidamente fundamentada no puede evitar ser “un comentario sobre la historia”. Y tampoco puede evitar utilizar conceptos de hoy para referirse a realidades pasadas. Solo la inteligencia del lector puede corregir esos desenfoques. Cuando utilizamos la palabra nación en un contexto que no le corresponde ocurre lo mismo que cuando utilizamos la palabra Europa (o España, o Portugal…) en el contexto actual o en el contexto del siglo XVII. Solo la inteligencia y la formación historiográfica del lector puede corregir el desenfoque que genera ese difícilmente evitable anacronismo. Por eso, la ironía sobre los “comentarios históricos” suele tener como objetivo el desprestigio del presente, es decir, no de la historia sino de la política. Ocurre, no obstante, que la política requiere debate franco, honesto y responsable, requisitos que no suele cumplir la ironía, que prefiere caminos indirectos, persigue el descrédito sin declarar la posición desde la cual se ejerce, y elude la responsabilidad de la defensa de una idea en el debate político. No estoy en contra de la ironía en el debate político, sinó de la sustitución del debate político aplicando la ironía al comentario histórico. No obstante imprecisiones inevitables, cuando la historia nos habla, en cualquier época, de la opresión ejercida por un poder sobre un grupo humano, o sobre personas concretas, hay en ese comentario algo tan inequivoco que cualquier abordaje intelectual honesto y bien informado debería poder interpretar su sentido, aunque fuera para matizarlo o debatirlo.

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