Brundibár
Ópera infantil, da autoria de Hans Krása (Checoslováquia, 1899 – 1944), com Libreto de Adolf Hoffmeister.
Tendo sido composta em 1938, para um Concurso Governamental, a sua versão cénica apenas foi estreada no Inverno de 1942, num Orfanato Judeu, em Praga, que servia de abrigo a crianças separadas dos seus Pais devido à guerra.
No entanto, nesta altura, já o seu compositor e o cenógrafo, Frantisek Zelenka, haviam sido transportados para o Campo de Concentração de Theresienstadt, juntando-se-lhes praticamente todo o elenco da peça em Julho de 1943. Apenas o autor do Libreto, Hoffmeister, conseguiu abandonar Praga a tempo.
Reunido em Theresienstadt o elenco da peça, Krása reconstruiu, de memória, toda a partitura da Ópera. A 23 de setembro de 1943, Brundibar estreou em Theresienstadt, com encenação de Zelenka e coreografia de Camila Rosenbaum, tendo sido apresentada 55 vezes, no ano subsequente. No entanto, foi a 23 de junho de 1944 que Brundibar teve a sua apresentação mais emblemática. Uma delegação da Cruz Vermelha Internacional pediu para visitar Theresienstadt, a fim de verificar as condições de tratamento dos “reclusos”, tendo sido montada uma “operação de charme”, por parte do regime nazi, “maquilhando” Theresienstadt, de forma a mostrar ao Mundo, a forma como este regime tratava “bem” o povo judaico.
Brundibár, um homem mau, de bigode, despreza os dois irmãos, Zeca e Anita, crianças pobres, órfãs de pai, impedindo-as de ajudar a sua Mãe doente. Ajudadas por um Pardal, um Gato e um Cão, reúnem forças, junto das Crianças da Escola, conseguindo assim reunir o dinheiro necessário para ajudar a Mãe, numa alusão clara ao regime de Hitler, vencendo, na Ópera, o Bem sobre o Mal.
Atualmente, Brundibar é apresentado em Escolas de Música, um pouco por todo o Mundo, sendo sempre realçado e seu significado simbólico.
Bruno Cochat
Brundibár
Ficha artística
. Música: Hans Krása
. Libreto: Adolf Hoffmeister
. Versão portuguesa: Zaida Rocha Ferreira e Cesário Costa
. Encenação: Bruno Cochat e Rúben Santos
. Direcção coral: Teresa Cordeiro
. Direcção de orquestra: Francisco Sequeira
. Desenho de luz: Paulo Sabino
. Elenco: Alunos do Atelier Musical da Escola de Música do Conservatório Nacional
Orquestra Sinfónica Portuguesa