JÚLIO MARQUES MOTA FALA SOBRE O SIGNIFICADO DO NATAL E FAZ A INTRODUÇÃO A UM TEXTO DE BILL MITCHELL E OUTRO DE MICHEL LHOMME

Falareconomia1

Meus Caros

Estamos no Natal e diga-se o que se quiser, é uma data que na sua vivência  própria simboliza os ideais  de  igualdade, de fraternidade, de unidade. A mensagem de Cristo afinal a que Spartacus terá acrescido a necessidade de liberdade. Um conjunto de valores que alimentou o Homem durante milénios, uma mensagem que agora é  relembrada nesta data festiva e que muitas vezes por falta de condições da sua  materialização desemboca em violência, violência construtiva, progressista nos seus objectivos  diremos nós. Poder-se-á ignorar Cristo, mas nunca a sua mensagem, é o que nos ensinou pessoalmente o marxista Henri Lefèbvre, numa sua passagem por Lisboa nos anos 70.  Dessa violência dois grandes exemplos, a Revolução Francesa, a Revolução Russa, com percursos e destinos trágicos em cada uma delas.

Um exemplo deste ponto de vista é-nos dado por  Slavoj Zizek que tenta pensar Robespierre e o Terror como um momento numa história que é simultaneamente  muito mais complexa e mais clara dado que é também  a história do eterno desejo de igualdade entre os homens e escutemos,  precisamente, à maneira de conclusão, o que nos diz Zizek, (…) , no livro  Robespierre: entre vertu et terreur (edições Stcok):  “A minha tese é a de que  “ há situações onde a democracia não funciona, onde esta perde a sua substância, onde é necessário reinventar modalidades de mobilização popular. O Terror não se resume a Robespierre. Havia então uma agitação popular, encarnada por figuras ainda mais radicais, como Babeuf ou Hébert. É necessário recordar que se cortaram muitas mais cabeças  depois da  morte de Robespierre que antes – mas ele tinha cortado a cabeça dos ricos. ”

Repondo a mensagem de Cristo ou inversamente desfazendo nela, dois textos vos envio hoje, um com o título A pesada linguagem da austeridade  – mas os pecadores são santos, de Bill Mitchell, onde se procura dignificar todos aqueles que combatem o neoliberalismo, o verdadeiro colete de forças que se abate sobre a civilização ocidental, e onde se mostra que os grandes pecadores afinal são eles os santos, os mártires,  nesta crise, e um segundo texto  com o título O Comissário Moscovici em campanha pela austeridade  onde inversamente aqueles que se intitulam como santos, os defensores da ordem e dos valores inerentes a esta ordem, a de Bruxelas, a da Troika, do BCE e do FMI, são os verdadeiros pecadores face aos valores universais que esmagam sobre a bota da austeridade. Este último é um texto sobre a Grécia martirizada, em que esta talvez represente a  imagem do  que poderá ser toda a Europa amanhã, se não aprendermos a resistir à destruição  que metodicamente está a ser realizada.

Bom Natal a todos.

Coimbra, 23.12.2014

Júlio Marques Mota

Leave a Reply