NESTE DIA… Em 11 de Março de 1975 – 1

nestedia3Hoje é o dia 11 de Março.

Em 11 de Março de 1975, faz hoje quarenta anos, quase onze meses decorridos sobre a Revolução, aconteceu o que se previa desde que o regime ditatorial foi derrubado: uma reacção revanchista da direita. Sentia-se que essa reacção estava iminente, pois a instabilidade social, a luta entre partidos, a deriva para a esquerda… de dia para dia, a Revolução assumia contornos que os conservadores consideravam de um esquerdismo radical.

Em alguns posts, distribuídos ao longo da edição de hoje, iremos lembrando o que de mais significativo aconteceu nesse dia em que a Revolução foi posta à prova.

 A «Matança da Páscoa»

Diz-se que através dos serviços secretos espanhóis, terá chegado a um grupo de que faziam parte Miguel Champalimaud e o tenente Nuno Barbieri, a informação de que estava planeada uma operação da extrema-esquerda, a “Matança da Páscoa”, na qual seriam executados cerca de 1500 civis e militares entre os quais o general Spínola. Convocada uma reunião em que além dos dois referidos elementos e de Spínola, participaram o coronel Durval de Almeida, José Maria Vilar Gomes, João Alarcão Carvalho Branco, José Carlos Champalimaud. É óbvio que se tratava de uma manobra de intoxicação da secreta espanhola, mas convencido do seu grau de fiabilidade, Spínola decidiu avançar com um «contra-golpe». Alguns oficiais secundaram-no e a conspiração passou das reuniões para o terreno.

Os preparativos e o começo da operação

Na madrugada de 11 de Março, começaram a afluir à Base Aérea nº3 (Tancos) viaturas com elementos ligados ao movimento, incluindo António de Spínola. Reuniram-se em casa do major Martins Rodrigues.

8:00 – O coronel Moura dos Santos, comandante da Base, perante oficiais e sargentos, fez um briefing explicando os objectivos políticos, alvos a atingir e meios a utilizar. Os majores Mira Godinho e Neto Portugal e o capitão Brogueira reuniram com os comandantes e pilotos, distribuindo as missões que a cada uma cabia.

8.30 – Os oficiais, sargentos e praças da Base Aérea nº 3 foram informados de que a instrução normal do princípio da manhã fora cancelada. Perto, no regimento de Caçadores pára-quedistas, o coronel Rafael Durão reuniu os oficiais para lhes explicar a operação, dizendo ter recebido ordens do CEMFA (Chefe de Estado Maior da Força Aérea), o que não era verdade.

9:00 – Em Tancos, entrou em cena o general Spínola que, no seu estilo grandiloquente, falou em nome da «pureza do processo de 25 de Abril», dizendo que para evitar «a prostituição das Forças Armadas», era preciso dizer “basta!” à escalada comunista. Enquanto o general perorava, na pista, aviões T-6, helicópteros e helicanhões eram abastecidos e municiados.

9:40 – Na Base Aérea nº 6 (Montijo) , o coronel Moura de Carvalho, comandante da base, colocou em estado de alerta todos os meios aéreos.

10.30 – O major Casanova Ferreira, comandante distrital da PSP de Lisboa, deu conhecimento do golpe a alguns oficiais daquela corporação.

10:45 – De Tancos, descolaram os seguintes aviões: dois T-6 armados com metralhadoras e ninhos de foguetes anti-pessoal, pilotados pelo major Neto Portugal e segundo-sargento Moreira, tendo como alvos, além do R. A. L. 1, as antenas da R. T. P. e Forte do Alto do Duque; dez  Allouette III, transportando um grupo de 40 pára-quedistas. Dois dos helicópteros estavam armados com canhão, tendo como missão o bombardeamento do R.A.L.1. Eram pilotados pelos major Zuquete e major Mira Godinho, aos canhões estavam os alferes Oliveira e primeiro-cabo Carapeta. Na operação inseria-se o lançamento sobre Lisboa de panfletos, missão que foi executada por dois dos heli-transportadores, pilotados pelos capitão Oliveira e tenente Jacinto. Os restantes heli-transportadores eram pilotados pelos alferes Chinita, alferes Afonso, alferes Mendonça, segundo-sargento Ladeira, segundo-sargento Souto e furriel Emaúz; três Noratlas com 120 pára-quedistas destinados a cercar o R.A.L.1.- dois T-6 desarmados, com missão de intimidação. Eram pilotados pelo capitão Faria e alferes Melo, ambos da B.A.7 e em diligência na B.A.3.

11:00 – O comandante da B.A.5 (Monte Real) o coronel Naia Velhinho, recebida uma indicação vinda de Lisboa por via normal, colocou a base em estado de prevenção rigorosa.

(Continua)

 

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