SINAIS DE FOGO – GENTE DO “24” – por Soares Novais

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Foi no dia 31 de Março de 1974 que Marcelo Caetano foi ovacionado pela última vez. O palco escolhido foi o Estádio de Alvalade. Cumprem-se amanhã 41 anos sobre a efeméride.

Sporting e Benfica defrontavam-se em mais um derbie e o sucessor de Salazar em “São Bento” assistiu ao jogo ladeado por João Rocha e Borges Coutinho – então presidentes dos rivais lisboetas.

Marcelo, que 15 dias antes tinha sido surpreendido pela abortada “Revolta das Caldas” e consequentemente demitido Spínola e Costa Gomes da direcção das Forças Armadas, foi aconselhado a testar a sua popularidade e lá foi até ao “Campo Grande” assistir à derrota (3-5) dos leões.

A sua presença em “Alvalade” só foi conhecida em cima da hora. Ou seja: quando entrou no camarote presidencial. E o efeito surpresa resultou: a aristocracia dos camarotes, a classe média da “bancada” e o povo do “peão” ovacionaram-no com inegável afinco.

Marcelo, que saiu antes do final da partida, abandonou “Alvalade” convencido de que tinha o povo na palma da mão e que Lisboa continuaria a ser a capital do Império.

Enganou-se. Vinte e cinco dias depois aconteceu o “dia inteiro e limpo” de que nos fala Sophia.   Marcelo e Tomaz partiram para o exílio; a PIDE foi desmantelada; os presos político libertados; começou o longo caminho para a democratização e a descolonização.

Agora, 41 anos depois do 25 de Abril, a mátria volta a estar entregue a gente do 24 de Abril. Basta ver o dr. Cavaco a não cumprir a Constituição que jurou respeitar e fazer respeitar; escutar o que dela diz o dr. Coelho; ouvir a salazarenta drª Maria Luís gabar-se de que o país tem “os cofres cheios” ; ou a cassete anti-conquistas de Abril da chamada classe política.

Mas, atenção, convém que estas meninas e estes meninos não pensem que tudo são favas contadas: “A Revolução teve uma flor/ o cravo/Não teve um animal/e, como tal,/proponho o elefante/tão paciente e sofredor/durante tanto ano/mas quando a paciência se esgotou/foi coisa de ver/violento/eficaz/empolgante/Depois, voltou a ser lento/bom rapaz/algo distante/ Mas, atenção/nunca se viu morrer um elefante!”

A tempo: o aviso que aqui deixo é de Carlos Pinhão. Meu eterno camarada e amigo. Um dos homens mais generosos e sábios que conheci.

2 Comments

  1. Até parece ficção essa final no Jamor.Passados 41 anos, continuam a querer anestesiar o povo com o futebol. O Eusébio, deu lugar ao CR7,e todos ficam contentes e ufanos por ganharmos a um novo país: a Sérvia.
    Em relação a estar presente o Marcelo Caetano no camarote para ter assistido a esse jogo, qualquer dia, poderemos ter outro Marcelo como presidente no camarote do Jamor, se entretanto, o referido estádio não fõr vendido aos chineses. Seria mais uma chinesice destes nossos malfadados governantes.

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