TÊM OS CANAIS DE TELEVISÃO CONELHEIROS TÉCNICOS QUE EVITAM AS ASNEIRAS E POSSAM SERVIR DE OPORTUNIDADE DE INFORMAÇÃO “PEDAGÓGICA”? por clara castilho

Vem isto a propósito do chamado caso do jovem de “orelhas grandes”. Talvez a quem não veja os programas de entretenimento dos grandes canais tal facto tenha passado despercebido. Foi o que aconteceu comigo até ter sido invadida no facebook com a referida informação.

Então, foi assim: um jovem concorreu ao programa “Ídolos” da SIC, que passa ao domingo à noite. A sua participação passou, acompanhada com um efeito visual em que sua orelhas aumentavam, e diminuíam. Foi no dia 3 de Maio que todo o país a isto assistiu.

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Depois da emissão, o jovem trancou-se em casa, só voltando à escola dias depois. Tinha vergonha que o gozassem… Mas tem tido o apoio dos colegas e da escola que frequenta, em Oliveira do Bairro, Vila Nova de Gaia, onde ontem foi recebido com cartazes e onde está a ser acompanhado por duas psicólogas.

Logo nas redes sociais se acusou a SIC de bullying, questionando como é possível humilhar-se desta forma uma criança, de não ser eticamente nem humanamente aceitável “gozarem” em horário nobre com uma criança seja porque tem orelhas grandes.

Chegou-se a invocar a lei sobre a difamação: ” Quem, dirigindo-se a terceiro, imputar a outra pessoa, mesmo sob a forma de suspeita, um facto, ou formular sobre ela um juízo, ofensivos da sua honra ou consideração, ou reproduzir uma tal imputação ou juízo, é punido com pena de prisão até 6 meses ou com pena de multa até 240 dias.”

Tem ou não a comunicação social, nomeadamente as estações televisivas, um papel na formação cultural de toda a população?

A SIC apresentou as suas desculpas e disse estar disponível para dar o apoio necessário para “minorar os efeitos que esta situação causou”. Mas a avó do rapaz, com quem ele vive, diz estar disposta a tudo para “prejudicar” a estação de TV.

O Regulador da comunicação social recebeu várias queixas na sequência do caso, nomeadamente o pedido do Instituto de Apoio a Criança (IAC) e do Bloco de Esquerda que também defendeu a necessidade de avaliar se as práticas estabelecidas nas empresas de comunicação social protegem devidamente os menores e o seu direito à imagem e reserva da intimidade, bem como o seu direito à proteção legal contra qualquer forma de discriminação.

Falemos de outras “falhas” de quem fala de assuntos relacionados com as crianças. Por exemplo, dizer-se que um aluno anda no “10° ano da educação especial”… Por exemplo, em novelas aparecerem situações de desaparecimento de crianças, em que os protagonistas dão informações que não são correctas, que não correspondem ao actual estado de procedimentos a seguir. Custaria muito tentar saber? Custaria muito aproveitar a ocasião para passar a mensagem de como se deveria proceder? Penso que não! Mas o facto é que tal intenção “pedagógica” não está na cabeça de quem escreve os textos. Mas o facto é que respeitar os direitos das crianças é considerado secundário quando comparado com as audiências que se podem ter!

 

 

 

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