DIA DA GALIZA. “A Gentalha do Pichel. Fábrica e laboratório cultural” – Gentalha do Pichel*

* (A Gentalha do Pichel, é uma associação cultural alicerçada na defesa da língua galega entendida como uma variante mais do idioma português).

Já há mais duma década que na cidade de Santiago de Compostela, a capital da Galiza, vem funcionando um espaço cultural auto-gerido no que se acubilham, criam e difundem multidão de iniciativas da mais diversa fasquia.

Explicar o que é a Gentalha a quem não a conheça é um bocado complexo. Somos uma associação cultural alicerçada na defesa da língua galega entendida como uma variante mais do idioma português mas as nossa actividades e interesses vão muito para além do meramente linguístico.

A Gentalha estrutura-se em comissões. Cada uma destas comissões som grupos de trabalho temáticos e na altura estão a funcionar as de língua, meio natural, história, cultura, gastronómica, semente e local. Esta última tem um especial interesse já que a nossa associação gere um local social no que não só acolhemos as nossa actividades senão que também serve como sede de outras entidades e é empregado por qualquer outra associação que o solicite, apenas com a condição de que a actividade a se desenvolver tenha como língua veicular o nosso idioma.

O nosso Centro Social, O Pichel, é a sede permanente, para além da nossa associação, do jornal Novas da Galiza, a associaçao de vizinhas do bairro e a Rádio Kalimera ou o Cineclube Compostela, entre outras entidades, e foi viveiro também de outras iniciativas que tiveram no Pichel o primeiro lugar onde assentar o seu projecto.

Possivelmente a iniciativa que nasceu no Pichel e que agora se desenvolve noutros espaços que tem atingido uma maior dimensão, e da que nos sentimos mais orgulhosos e orgulhosas, sejam os centros educativos Semente.

Estender-nos em explicar pormenorizadamente todo o que se fixo na Gentalha do Pichel nestes mais de dez anos obrigaria-nos a escrever um texto muito mais longo pelo que podemos resumir dizendo que a nossa associação funciona como uma entidade que desenvolve dinâmicas de açao cultural próprias ao tempo que apoia e colabora no lançamento de iniciativas planeadas por outros colectivos.

Tradição e modernidade

Esta forma de funcionar não é em si mesma uma novidade mas o certo e que é relativamente estranha no contexto galego. Tao estranha como alguma das focagens que temos convertido em marca da casa à hora de abordar boa parte das nossas actividades.

Um bom exemplo da inovação temo-lo nas temáticas trabalhadas na Comissão de História.

Esta nasceu num primeiro momento coma um grupo de trabalho focado na recuperação da memória da repressão fascista na Galiza e, em especial, na nossa cidade. Mas a incorporação de pessoal com inquietudes e formação diversa favoreceu que a temática abrisse e, sem esquecer o objectivo inicial, fossem muitos mais os temas abordados.

Mas não se trata apenas duma questão de temáticas senão de focagens. Esta comissão difunde informação sobre aspectos da história da Galiza mas também contribuiu a abrir um debate, fundamentalmente a partir da sua praxe, de qual é o papel do relato histórico na construção de identidade. Assim a comissão de história organiza palestras e roteiros por monumentos e sítios históricos mas também recupera antigas tradições e mesmo tem o atrevimento de inventar alguma nova.

A ideia com a que se trabalha nesta comissão, e que é comum ao agir do conjunto da Gentalha, é que embora partimos duma herdança histórica de milénios o que façamos com a nossa cultura tem que se adaptar ao presente. Isto obriga a combinar um visão com rigor e respeito com o nosso passado com elevadas doses de atrevimento à hora de difundir e criar iniciativas atraentes.

A nossa cultura é um organismo vivo, em permanente mutação, e sabemos que devemos responder a essa natureza mudável senão queremos que se converta numa simples peça de museu.

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