EDITORIAL – Claques e forças de segurança – a mesma luta?

logo editorialSomos avessos a falar de futebol. E, como temos dito em diversas ocasiões, é um fenómeno estranho, o da paixão avassaladora que o futebol suscita. Pessoas que são capazes de discutir sobre temas religiosos ou políticos com serenidade, objectividade e tolerância para quem pensa de modo diferente, se o tema é o futebol e a abordagem é feita numa óptica de antagonismo clubista, não há diálogo possível – das ironias passa-se à picardias, daqui às acusações – não tardam os insultos e, por vezes, até mesmo o confronto físico.

Vêm estas considerações a propósito dos recentes acontecimentos – da violência que se desencadeou no decurso das celebrações benfiquistas pela vitória do clube no campeonato nacional. Não vamos desculpar os energúmenos das claques e entendemos que mais tarde ou mais cedo vai ser indispensável proibir tais hordas . Enquanto essa medida não for tomada, vão continuar a ocorrer actos como os que se verificaram faz hoje uma semana.

Mas, se possível ainda mais preocupante, é que a selvajaria e o fanatismo clubista afectem também as forças de segurança. O que se passou com aqueles adeptos benfiquistas de três gerações diferentes – aparentemente pessoas com um comportamento correcto e que se soube depois não ser caso isolado, pois em Outubro de 2014 a PSP de Guimarães espancou barbaramente um advogado do Porto, adepto do Boavista, cegando-o, configura uma provável, mas inaceitável por criminosa, atitude de sectarismo clubista por parte de quem tem como missão defender os cidadãos, de zelar pela segurança pública. Era o que mais nos faltava era o espírito de claque que anima os bandos de marginais, neo-nazis e traficantes, substituísse o código de honra que deve guiar quem é pago para nos proteger.

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