ALGUMAS NOTAS DO RELATÓRIO “ESTADO DA EDUCAÇÃO 2014” DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO por clara castilho

Da introdução, assinada pelo Presidente do Conselho Nacional de Educação, retiramos algumas notas:

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….“De uma forma geral, identifica-se uma evolução linear da escolarização média da população portuguesa: cada português, em 1991, tinha em média 4,6 anos de escolarização, 6 anos em 2001 e 7,4 anos em 2011. Se em vez da população adulta considerarmos apenas o grupo etário dos 25 aos 44 anos, que poderemos identificar como a geração dos pais das crianças que frequentam o sistema de ensino básico e secundário, essa evolução é mais marcante: 6,5 anos em 1991, 8,3 em 2001 e 10,4 em 2011.

….Porém, ainda que lento e impercetível, este progresso não ultrapassou dois problemas graves do sistema de ensino: o abandono e o insucesso escolares.

Durante os primeiros quinze anos a redução das taxas de abandono escolar precoce terá sido mais lenta, mantendo-se no final do século perto dos 45%, quando nos quinze anos seguintes essa proporção foi reduzida para 17%. Trata-se de uma das maiores reduções observadas, durante aquele período, entre os países membros da União Europeia.

O progresso registado nas taxas de retenção escolar não foi, infelizmente, tão acentuado: apesar do aumento da escolarização e da redução do abandono, as taxas de retenção escolar continuam muito elevadas e a sua redução ficou muito aquém do verificado com o abandono escolar precoce.

Mais surpreendentes, especialmente para aqueles que estão habituados a ver a educação em Portugal como um espaço de instabilidade, turbulência e conflito, foram os resultados obtidos pelos alunos portugueses nos testes internacionais.

( com os do estudo comparativo dos resultados obtidos pelos alunos portugueses nos testes PISA promovidos pela OCDE, verificamos que a)  evolução registada entre os anos 2000 e 2012 coloca Portugal entre os países que maior progresso obtiveram no conjunto dos três testes, mas terá sido um dos piores no que respeita ao crescimento económico.

Essa melhoria do desempenho dos alunos portugueses revelou ainda o facto de ela ter resultado da diminuição da percentagem de alunos com baixo desempenho e de um ligeiro aumento da proporção dos que tiveram melhores resultados.

A conclusão construída sobre a análise dos resultados não poderia ser mais explícita: o desempenho educativo de Portugal foi claramente superior ao desempenho económico. Se existe uma relação estreita entre condições económicas e desenvolvimento educativo, então será fácil concluir que a educação progrediu mais do que a economia, pelo menos, nos últimos quinze anos.

As consequências deste desfasamento são conhecidas: no primeiro período, deficit de qualificações, baixo desemprego de jovens, especialmente de licenciados, reduzidos fluxos migratórios, valorização salarial dos mais qualificados; no segundo período, excesso relativo de qualificações, tendência para o agravamento do desemprego dos jovens, aumento da emigração e potencial desvalorização salarial das ocupações mais qualificadas.”

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