No sábado passado, na Arábia Saudita, houve eleições. Nelas, e pela primeira vez, as mulheres puderam votar e ser eleitas. Em pequena percentagem – os boletins apresentavam 978 mulheres e 5938 homens. E com pouca participação: pouco ultrapassou os 25% de eleitores.
As mulheres nem sonhavam em ser eleitas, contentavam-se com o facto de terem podido entrar nas listas. Até porque era um direito.
A primeira a ser eleita foi na cidade mais convencional – Meca, para um lugar a que concorriam 7 homens e 2 mulheres.
A autorização para que as mulheres pudessem votar nas eleições municipais de 2015 tinha sido anunciada em 2011, pelo o rei Abdullah que entretanto faleceu, mas cujo sucessor cumpriu o prometido.
Mas…. a verdade é que as mulheres sauditas precisarem da autorização de um homem para tomarem diversas decisões nas suas vidas, facto que limitou o número de candidatas. Durante a campanha, por exemplo, as mulheres não podiam expor as suas ideias falando directamente com os homens, e as suas caras não podiam ser expostas nos cartazes.
Assim, poderemos falar de igualdade? Qual nada! Nem perante a Constituição, nem por outras leis. Já em 2008, assinalava o Comité para a Eliminação da Discriminação Contra as Mulheres das Nações Unidas que as muitas mulheres são tratadas como menores, sem autoridade sobre a sua vida ou a dos seus filhos. Por exemplo, quanto ao direito a conduzir automóveis?
Algumas candidatas dizem que o fizeram a pensarem nas próprias filhas, a pensar na mudança. Mulheres com estudos universitários, diga-se.
Ah, e o momento de voto foi feito em salas separadas, no cumprimento da aplicação da lei islâmica (“sharia”).
Congratulamo-nos com o voto e a eleição de mulheres na Arábia Saudita. Sim, mas…