CRÓNICAS DO QUOTIDIANO – QUE 2016 QUEREMOS SER-VIVER? – por Mário de Oliveira

quotidiano1

Cabe-me decidir que 2016 quero ser-viver. Sou Natureza consciência e isso faz toda a diferença relativamente aos demais seres. Na Natureza não há mortos. Só organismos vivos, onde cada ser é único e irrepetível. É por isso que os cemitérios estão todos vazios. Os cadáveres lá depositados não estão mais lá. O organismo vivo que é a Terra não suporta cadáveres, coisas mortas. Ao acolhê-los no seu seio, transforma-os no que ela própria é, organismo vivo. Até a natureza consciência que eu-sou, nós-somos, torna-se, no momento do derradeiro expirar de cada qual, definitivamente vivente em dimensões outras, inimagináveis. O desastre planetário é o exército dos cadáveres insepultos. Parecem corpos vivos, são cadáveres movidos por um sopro ideológico que empesta o ambiente. Se o inalamos, acabamos doentes e morremos antes de tempo. Quando se instala nas mentes-consciências dos seres humanos, é o sopro que mais mata. Que 2016 queremos ser-viver? Por mim, quero ser ainda mais menino. Presbítero ainda mais menino. Nada ter. Nada poder. Todo paz. Todo alegria. Pão que se dá a comer. Vinho que se dá a beber. Corpo que faz andar mortos e adormecidos. Sopro feito beijo, abraço que fecunda quantas, quantos eu toco, olho, acolho, escuto. Venham por mim e sempre me encontrarão, braços abertos, dança nos olhos, festa nas mãos, ternura em todo o meu ser. Diz-me a Vida que sou contínua religação com as, os demais. Ao modo dos vasos comunicantes. Todo o meu ser-viver é dádiva. Nos antípodas das mercadorias, dos cadáveres insepultos. Sou fecunda energia. Sol. Vida. Colo. Chamem-me e vou partilhar as vossas casas, as vossas mesas. Todo escuta. Todo palavra politicamente maiêutica. Para que cada uma, cada um de nós não apenas tenha, mas seja voz e vez. A mudança que inevitavelmente acontecerá em nós é sempre de dentro para fora. Numa expansão sem-ocaso e sem limites. Para isso nasci, vim ao mundo / nascemos, viemos ao mundo. Não para sermos agentes de poder – clérigos, papas, chefes estado, detentores de privilégios, ricos, mãos armadas, numa palavra, cadáveres insepultos. Sim, para sermos seres humanos e humanizarmos sororalmente o mundo!

1 Janeiro 2016

https://www.youtube.com/watch?v=uDbb06O4_a8

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