Nas duas últimas secções do seu segundo livro, A Estrela Rutilante, vamos encontrar o poeta procurando renascer naquele Oriente ao oriente do Oriente de que fala um dos exemplos maiores do nosso orientalismo poético, o Opiário de Álvaro de Campos. O Oriente, no seu caso pessoal, não tinha apenas contornos míticos, fazia parte da sua própria biografia. Da infância em Goa guardaria ele certamente algumas memórias de vivências e atmosferas. Mas o mito, esse, não estava também, de modo algum, ausente destes poemas, situando-se a última secção do livro precisamente sob a égide de O Rosto de Ísis. O que, aqui, move o poeta ao canto é essencialmente aquilo que António Maria Lisboa, sem dúvida uma das suas referências entre os poetas do Grupo Surrealista Dissidente, chamava o saber do Oculto. Por isso o vemos em busca da Kabala, em demanda da palavra/ simples que é a matéria que oculta a matéria oculta, embalado pelo Sortilégio das águas sibilinas, e intentando cingir o que seria a inalcançável essência do poema hermético. Valerá a pena transcrever o texto do livro Chuva num dia de finados a que deu exactamente o título de Poema hermético: Tudo concorre para um sentido único/ exacto como o abismo/ perfeito como a cor./ Correcto e absoluto, verdadeiro,/ onde o espírito se encontra,/ não morre, …………… eternamente,// E // vibra. Esse sentido único, no entanto, talvez se encontre, como o poema seguinte deixa perceber, no lugar secreto, imperscrutável… no/ profundo… no imensurável… no glorioso…. Por enquanto, ao poeta sñ resta a sua integração no que chama, nesse mesmo texto, os habitantes do enigma.