A cerimónia da entrega do Prémio da Crítica – relativa ao ano teatral de 2015 – realiza-se no próximo dia 2 de Abril, sábado, às 16h, no Salão Nobre do D. Maria II.
O Prémio da Crítica de Teatro relativo ao ano de 2015 foi atribuído a Cristina Reis pela “admirável arquitetura de cena que concebeu para o espetáculo Hamlet”, uma produção do Teatro da Cornucópia e Companhia de Teatro de Almada.
Serão ainda recordados outros espectáculos e criadores que mereceram ser distinguidos:
Uma Distinção Particular ao Teatro Experimental de Cascais – TEC – e para Carlos Avilez, seu director e fundador em 1965.
Três Menções especiais:
Menção Especial a: Quatro santos em três actos, de Luísa Costa Gomes e António Pires
É bem conhecido o trabalho que António Pires tem vindo a desenvolver no que diz respeito à construção de espetáculos de teatro, complexos, muitas vezes, a partir de materiais artísticos de diversas áreas de criação. A narrativa, a poesia, as artes visuais, a música, o movimento, enfim, toda uma série de ferramentas com que se constrói a arte, estão presentes naquilo que é, hoje em dia, um conjunto exemplar de realizações. Quatro Santos em Três Actos, concebido a partir da ópera Four Saints in Three Acts, de Virgil Thomson e Gertrude Stein, continua esse percurso criativo, levando-o, e com ele os espectadores, a lugares insuspeitados e inexplorados. E é, ainda, mais um passo que nos convida a celebrar o trabalho conjunto de António Pires, o encenador, e de Luísa Costa Gomes, a escritora, uma dupla sem a qual este projeto não teria existido, pelo menos neste tão bem sucedido formato.
Menção Especial a: João Pedro Vaz, pela interpretação em Um inimigo do povo e O animador
Ao ator João Pedro Vaz pelo seu virtuosismo, em duas singulares interpretações, que nos revelam a complexidade humana na sua mais profunda ambiguidade. Do cinismo pungente de Archie Rice – em O animador, peça de John Osborne, levada à cena no Teatro Experimental do Porto, por Gonçalo Amorim – à generosa manipulação de Peter Stockmann, o Intendente – em Um inimigo do povo, peça de Henrik Ibsen, levada à cena no São Luiz Teatro Municipal, por Tónan Quito –, João Pedro Vaz compele-nos à aceitação e identificação, anulando a nossa natural repulsa.
Menção Especial a: Elmano Sancho em I can’t breathe
Menção especial para Elmano Sancho pela peça I Can’t Breathe, estreada em dezembro no Teatro da Politécnica, em Lisboa. Tomando por mote um caso de excesso de força policial, o ator, encenador e autor do texto (com assistência à dramaturgia de Rui Catalão) partilha o palco com a ex-atriz pornográfica Ana Monte-Real, obrigando o público a confrontar-se de forma violenta com a sua própria e desconfortável invasão de uma privacidade que não pediu para conhecer. Num mundo em que a intimidade está em crise, em que o privado se confunde com a coisa pública, I Can’t Breathe implica cada indivíduo nessa culpa coletiva e pergunta, sem ficar para ouvir a resposta, o que é feito do mistério e da poesia nas existências que levamos.
O júri foi constituído por: João Carneiro, Helena Simões, Gonçalo Frota, Emília Ribeiro e Maria Helena Serôdio.