Falavam em milagre. A “santinha” vivia sem comer!
Recebia as visitas deitada na cama, de branco vestida, sem se mexer e mal as olhando. O que não incomodava quem lá se dirigia.
O pai geria o corrupio de entradas e saídas, de voz baixa, ar solene e autoritário. À saída, discretamente apontava para uma salva onde deveria ser entregue uma “oferta” monetária. Um “espectáculo” pago no final…
Cada um ali se dirigia pelas suas muito próprias razões. A uns movia a curiosidade, a outros o desejo da coscuvilhice, a outros uma inquietação que não entendiam. Estes não a sabiam pôr em palavras. Recolhidos, olhavam para a “santinha” e tentavam perceber as suas próprias dores, não as físicas mas as da alma. Uns saiam mais inquietos, mas outros saiam com um sentimento de alívio. Vá-se lá perceber….