RETALHOS DA VIDA DE UM CANTAUTOR – 2 Na «velha Academia»- por Carlos Loures

z-joseafonsoEm 1940 José Afonso vai para Coimbra ficando ao cuidado de uma tia paterna, a tia Avrilete. Matricula-se no Liceu D. João III onde conhecerá António Portugal e Luiz Goes, futuros companheiros de andanças musicais.

Depois, obrigada a navegar na esteira e itinerância profissional de seu pai, a restante família instala-se  em Moçambique. Daí segue para Timor. Em 1939 eclodira a II Guerra Mundial e em 1942 o território timorense é invadido e ocupado por forças japonesas. Até 1945, ano em que termina a Guerra, Zeca ficará sem quaisquer notícias dos pais e da irmã Mariazinha (João, seu irmão, viera também para Portugal).

Por volta de 1945, contagiado pela tradição, começa a cantar em serenatas. Gozando do estatuto de «bicho-cantor», não sofre os tormentos praxistas que as trupes académicas reservam aos estudantes liceais. Não sendo demasiado aplicado nos estudos, é reprovado em dois anos lectivos. Só em 1948, com quase 19 anos, conclui o curso dos liceus. Nesse mesmo ano, casa com Maria Amália de Oliveira.  Viaja em digressões com a Tuna Académica e pratica futebol na Associação Académica de Coimbra.

São tempos que  recordará com saudade.

Em 1949, dispensa no exame de aptidão à Universidade, matriculando-se na Faculdade de Letras, no primeiro ano do curso de Ciências Histórico-Filosóficas. Integrado no Orfeão Académico, vai a Angola e a Moçambique. Na Universidade convive com os cantores Augusto Camacho, Fernando Machado Soares e Napoleão, com o guitarrista António Brojo e com os seus companheiros do liceu Luiz Goes e António Portugal. Contacta também duas figuras cimeiras do fado coimbrão – os guitarristas Artur Paredes (pai do grande Carlos Paredes, que virá a conhecer em Grândola, na memorável sessão da Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, em Maio de 1964) e Flávio Rodrigues, o famoso «guitarrista-barbeiro». Em 1953, nasce José Manuel, seu primeiro filho. Para sobreviver, dá explicações e faz a revisão ortográfica do Diário de Coimbra. São editados os seus dois primeiros discos (em 78 r.p.m.).

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