Faz hoje 99 anos que ocorreu, durante a Primeira Guerra Mundial, na frente da Flandres, um dos maiores desastres da história militar portuguesa, a batalha de La Lys, que alguns chamaram de uma segunda Alcácer-Quibir. Na verdade, apesar dos esforços de nos convencer do contrário, qualquer análise minimamente cuidada põe a claro, inequivocamente, os riscos que corre um pequeno país, ainda por cima mal organizado e mergulhado numa enorme agitação política e social, ao tentar aliar-se a países muito mais poderosos, e entrar numa guerra contra outros países, igualmente muito poderosos. Uma fábula de um francês do século XVII, Jean de La Fontaine, já prevenia contra este género de decisões.
Nesse dia, 9 de Abril de 1918, os alemães, conscientes das grandes dificuldades que para eles iria constituir a chegada à frente de batalha das tropas americanas, procuraram romper as linhas aliadas, e obter vantagens decisivas, numa guerra que já durava havia quatro anos. Procuraram romper o elo mais fraco das linhas adversárias, que era precisamente o troço defendido pelo CEP – Corpo Expedicionário Português, relativamente pouco numeroso, abandonado por Lisboa, desde que, alguns meses antes, Sidónio Pais ocupara o poder, e mal armado para fazer frente ao poderio inimigo, pois, entre outros problemas, não dispunha de artilharia pesada. Os alemães, antes de lançarem uma carga de infantaria, dispararam 4000 canhões, semeando o inferno nas linhas portuguesas, sem que do nosso lado houvesse possibilidades de uma resposta minimamente adequada. Há muitas discussões sobre os episódios desse dia, o número de baixas sofridas e as consequências do desastre militar sofrido. Quase cem anos depois, há que recordar os sofrimentos dos nossos compatriotas, e tentar compreender como foi possível os governantes de então deixarem as coisas chegarem ao ponto descrito nos textos a que podem aceder clicando nos dois primeiros links abaixo. E reflectir sobre se outras opções posteriores, como a adesão à CEE (agora UE) e à NATO, também deverão ser julgadas utilizando os ensinamentos de La Fontaine (entre outros, claro).
Sugerimos que não deixem de clicar nos links abaixo:
https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/12750/1/Guilhermina%20Mota%2038.pdf
http://universodasfabulas.blogspot.pt/2011/09/panela-de-ferro-e-panela-de-barro.html
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Two_Pots