DESTRUIÇÃO DO CENTRO HISTÓRICO DE VILA NOVA DE GAIA. SERÁ VERDADE? – por ANTÓNIO GOMES MARQUES

 

 

Acabo de receber um «e-mail» que, a confirmar-se o que ali me dizem, teremos todas as razões para não só nos indignarmos, mas para passarmos à acção. Eis o resumo do que recebi:

A Câmara Municipal de Gaia, presidida por Eduardo Vítor Rodrigues, prepara-se para licenciar em dois meses —notem bem, dois meses, ou seja, antes que ocorram as novas eleições autárquicas— o que constituirá a desfiguração (destruição?) do seu Centro Histórico, que inclui as Caves do Vinho do Porto, o seu mais valioso património material e imaterial, para além de não deixar de afectar a própria marca do vinho do Porto.

Segundo a informação que recebi, a Câmara Municipal de Gaia vai aprovar um projecto privado, designado «World of Wine», que, na realidade, mais não é do que um projecto imobiliário com mais de 30 mil metros quadrados, o que provocará a total descaracterização do Centro Histórico de Gaia com uma construção gigantesca de vidro e cimento.

Os promotores deste megalómano projecto não parecem estar de consciência tranquila, sentindo-se na necessidade de invocar a «Cité du Vin», um edifício com fins culturais dedicado ao vinho, como o nome indica, bastando olhar para a localização do projecto de Gaia e para a localização do edifício em Bordéus para verificarmos que a «Cité du Vin» está enquadrada com o rio e a cidade, longe do seu centro histórico e em perfeito respeito pelo património histórico da cidade, enquanto o projectado para a cidade vizinha do Porto irá substituir um património histórico de incalculável valor, que é de todos os portugueses e não apenas da Câmara Municipal de Gaia.

Olhe-se agora para o mais modesto «Cité du Vin»:

O edifício «Cité du Vin» em primeiro plano, na margem do rio

Para além de o edifício de Bordéus ser um Centro Cultural, verificando-se que a sua localização está bem afastada do centro da cidade de Bordéus, o de Gaia será, se concretizado, um novo centro comercial. Outra diferença entre os dois projectos está no seu custo: o de Bordéus foi orçamentado em 60 milhões de euros, acabando por atingir o custo final de 81 milhões de euros; o de Gaia está orçamentado em 100 milhões de euros, não sabendo nós qual o custo final, se pensarmos na tradição portuguesa neste tipo de empreendimentos, embora seja um projecto privado, que espero não venha a ter também outro tipo de apoios para além da disponibilidade da autarquia em aprovar a sua construção.

Tem agora a opinião pública a oportunidade de se juntar às gentes de Gaia de modo a impedir este atentado ao património cultural português, o que não seria inédito, se lembrarmos a tentativa de realizar um festival de música em cima da Reserva Ecológica do Estuário do Douro, o que gerou protestos inclusive na imprensa internacional e que levou a Câmara Municipal a recuar.

Se este projecto for avante, o prejuízo será incalculável para o património de Gaia e de Portugal, com a destruição das Caves do Vinho do Porto, referenciadas em todo o Mundo, havendo sempre alguém que ganha, ou seja, há sempre alguém que, no meio da desgraça, tem sorte, sendo aqui a beneficiada, ao que me dizem, a empresa proprietária do Hotel Yetman, que veria, com a concretização de tal projecto, a sua esplanada ganhar outra dimensão.

 

Lagos, 2017-07-06

1 Comment

  1. O prof. dr. Rodrigues não condecorou com a medalha de mérito municipal, grau ouro, o ‘benemérito’ Marco António Costa, mais conhecido por Big Mac?! Está tudo dito. mais palavras para quê? É um artista português. Aconselho a leitura da história desconhecida do Big Mac, o todo poderoso nº. 2 do PSD, ainda (?) sob investigação do Ministério Público. Um relatório preliminar de auditoria à gestão do município dentre 2008 e 2012 do Tribunal de Contas arrasa a sua gestão + Luís Filipe Menezes. Será caso para perguntar: as negociatas continuam?
    Aconselho a leitura, sobre Big Mac, da revista ‘Visão’ nº. 1164, de 25 de Junho a 1 de Julho de 2015.

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