Veneza também tem o seu cemitério monumental, situado na ilha de San Michele desde 1837. Antes do século XIX em Veneza as sepulturas realizavam-se nas igrejas ou nos adros e posteriormente os restos eram transferidos para ossários que se encontravam nas ilhas da laguna. Porém, na época napoleónica tornou-se manifesta e premente a necessidade de afastar o risco de contágio das áreas habitadas da cidade.
O cemitério de San Michele faz parte da ASCE – Association of Significant Cemeteries in Europe (http://www.significantcemeteries.org/), que abrange 179 cemitérios históricos com reconhecido valor artístico em 22 países, incluindo Portugal com o Cemitério de Agramonte, no Porto. O espaço é organizado por áreas que correspondem a diversas confissões religiosas: católica, ortodoxa e evangélica; pelo contrário, o cemitério israelita encontra-se na ilha do Lido.
Das muitas personagens famosas que aqui descansam em paz contam-se, por exemplo, por ordem cronológica: Christian Doppler (1803-1853), Sergej Djagilev (1872-1929), Igor Stravinskij (1882-1971), Ezra Pound (1885-1972), Franco Basaglia (1924-1980), Luigi Nono (1923-1990), Josif Brodskij (1940-1996), Helenio Herrera (1910-1997) e Emilio Vedova (1919-2006).
Neste contexto de prestígio, há agora a possibilidade de candidatar-se a um lugar privilegiado para o último descanso. Até 31 de janeiro, com efeito, será possível participar na hasta pública de alguns jazigos que serão atribuídos em concessão durante 99 anos (prorrogáveis), prevendo-se uma base de licitação entre os 192 mil e os 335 mil euros, a que depois acrescerá o custo de manutenção e restauro a ser realizado obrigatoriamente sob a supervisão da Superintendência e de acordo com uma calendarização já programada. Trata-se de edificações sepulcrais, incluindo cinco capelas com vitrais e mosaicos valiosos, que pertenciam a famílias nobres venezianas e que constituem, de facto, um património de importante valor artístico.