UM TEMPO SEM TEMPO por Luísa Lobão Moniz

É um tempo já sem tempo, é um entretempo cheio de outros tempos todos diferentes.

É o tempo das grandes variações climáticas que os poderosos do mundo teimam em rejeitar.

A verdade é que parece estar tudo fora do seu lugar, a temperatura, a precipitação, a nebulosidade.

As transformações sociais, económicas nunca tiveram em consideração os fenómenos naturais que por si sós poderão ir mudando as condições climáticas, às quais ao humanidade deveria ir-se adaptando com estudos sérios que contemplassem a Vida na Terra. A Bomba Atómica não serviu em nada a Natureza, mas houve alguém que a construiu para atingir um objectivo.

A partir da Revolução Industrial o homem passou a emitir quantidades significativas de dióxido de carbono cuja influência tem sido importante em todo este processo.

O tempo agora já não é o mesmo tempo do passado nem irá ser o do futuro.

Onde estão as estações do ano, onde estão as andorinhas que nos visitavam no início da Primavera?

Quando a Natureza se zanga tem um leque de comportamentos que pode adoptar. As placas teutónicas provocam tremores de Terra, ou mesmo, terramotos, a elevação da temperatura desencadeia incêndios incontroláveis para os meios de defesa que os países desenvolveram…

E este tempo sem tempo faz com que as pessoas se vejam cada vez mais cercadas tentando resistir a guerras, à fome, à fraca natalidade, à fraca assistência social e de saúde, aos maus tratos das crianças, ao ócio, ao desemprego, à desonestidade, à corrupção, à violação da dignidade humana.

Enquanto os países estiverem a olhar para os seus umbigos pensando que o que querem é estar cada vez mais apetrechado para atacar o outro.

É preciso que os sindicatos e os trabalhadores comecem a perceber que a última arma já não é a greve, já não são os votos. É sim a consciência colectiva que o viver bem não é só para alguns, é sim a consciência que a Educação é um bem comum para todos e que se calhar, ou de certeza, vai ter que mudar e transformar esta lógica do poder e de distribuição da riqueza, é sim perceber o que temos que aprender na família, na escola, na sociedade, em cada um de nós.

“ A fome faz sair o lobo do mato”

Será que já não há fome suficiente para sairmos destas sociedades decadentes?

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