CARTA DE BRAGA – “Comissos e tributos para o grande líder” – por ANTÓNIO OLIVEIRA

 

 

Atenção a todos! Eles vêm aí!

Temos de continuar a lutar contra quem é a principal ameaça ao crescimento do Eucaliptal, os que não querem ou já não podem fazer nada.

A Confraria Geral do Desaforro, tem de estar preparada para continuar a luta que me trouxe a este lugar! Eles vêem a monte nos dias 10 e 19 de cada mês, mas todos têm de estar devidamente conferidos por cada um de vós, pois é com esses dias que eles se tentam esconder. Sigam-me e façam o que vos peço, pois sou a salvação da instituição e do Eucaliptal!

Têm de compreender que a nossa terra não vai com gente que já nem trabalha e quer as mesmas condições dos que todos os dias se sacrificam.

Temos de pôr a CGD à alteza do grandor das confrarias do continente europeu. Vamos ter de agravar os comissos sobre os nossos aprestamos, para poder amontoar 100 milhões de moedas europeias em poucos anos!

Parecia uma arenga antiga para animar soldados antes da batalha!

Todos se tinham virado para olhar a grande líder da CGD apesar dos gestos contrafeitos de muitos, mas tornaram aos seus lugares de recolhimento de cabedais.

O grande líder, quando logo que tomou o comando dos armazéns, aumentou o comisso sobre o uso do rol individual, bem como sobre os movimentos para que o rol servia e apanhou, com estas medidas, a quase totalidade dos que os usavam, os idosos que já não trabalhavam.

Alguém lhe disse na altura que o maior número de fregueses da Confraria era gente daquela, sem trabalhar porque a idade já não o permitia e que ainda usavam o rol individual, actualizado sempre que ali se deslocavam.

O grande líder acrescentou de imediato “Vamos também agravar os comissos aos mais novos para lhes podermos manter os aprestamos! E vamos actualizar os aprestamos feitos lá fora, por também lá estar quem fugiu daqui nos anos sessenta e setenta e lá terão ajuntado alguns cabedais!

E com uma cadência marcada pelo passar dos meses, os que já não trabalham e os jovens, passaram a ser os melhores tributários do enorme ego do grande líder, que não perdia uma oportunidade para fazer promovimento de si mesmo, mas só com gente convenavil e escrutinada com rigor.

E vem aí mais um aumento, daqui um ou dois meses, outra vez a cair para os mesmos, como afirmam os jornais.

As cousas da história do grande líder garantem-lhe o sucedimento, mas à custa das privações dos mais fracos.

Nota – Escrevi esta Carta com uma linguagem próxima dos séculos dezasseis e dezassete, fazendo dela uma espécie de protesto contra o facto se continuar a aguentar gente como esta à frente de Confrarias.

António M. Oliveira

Não respeito as normas que o Acordo Ortográfico me quer impor

 

4 Comments

  1. Mesmo sem saber dessas linguagens, meu querido Amigo, aqui fica também o meu protesto, contra tais confrarias e seus desmandos, pedindo aos deuses a ressurreição de certos “meliantes”d’outrora, como por exemplo – “Zé do Telhado”, (isto só para falar do nosso País), porque também os houve por outras bandas…
    Grande abraço.

  2. O Grande Dirigente do Pinhal da Azambuja, quando funcionário dum sitio onde pucos ganham à custa de muitos, já era reconhecido e felicitado pela sua completa insensibilidade social . Por essa mesma característica – enunciada em reunião do comando supremo desse sitio onde cresce o rendimento de muito poucos – mereceu elogio e foi promovido.CLV

  3. Parabéns , António por nos fazeres ” crescer” e reflectir pelo sarcasmo…Tens a finura da ironia queirosiana, da alfineteada, do humor mordaz.,,Nada melhor para a rir, levantar as grandes bandeiras da cidadania!!!!Obrigada!!

  4. e que impacto. A leitura fez.me recuar a tempos de que não guardo memória linguística a não ser de alguns livros muito antigos lidos em casa dos pais. E o efeito – sobre a realidade e seus desmandos – foi/é enorme. Vai ao fundo do pensamento e alarga-o. Bj, António e bom f.s. assim

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