JÁ CHEGA… por Luísa Lobão Moniz

A violência, se não estiver nas casas dos cidadãos, está a entrar pela televisão sem pedir licença. Às vezes, os locutores têm o bom senso de alertar para cenas de violência que poderão perturbar a capacidade emocional de certas pessoas.

Dentro destas certas pessoas gostaria de destacar as crianças, os adolescentes, os jovens adultos…

Vamos partir do princípio que nesta família não se vivem cenas de violência física, que os meninos e as meninas têm por hábito ver televisão desacompanhados de um adulto.

Como vivem o seu dia-a-dia?

Começam o dia a partilhar com a família o que os espera, vão para a escola e ouvem falar de bullying, de violência, de Polícia da Escola Segura.

Nos intervalos andam “aos encontrões” com os colegas porque não há incentivos, porque não há adultos com formação para gerir e deixar gerir o tempo do intervalo entre as aulas.

Toda a gente gosta de falar do funcionamento da escola do filho, de outras escolas, mas ainda não começaram a pensar no comportamento dos alunos dentro e fora das salas de aulas.

Quantas vezes as cenas de pancada são uma maneira de passar o tempo. No recreio constroem-se preconceitos de género, de culturas, de comportamentos.

Continuando a partir do princípio que nesta família não existe violência física, as crianças e os jovens são bombardeados com reportagens sobre corrupção, sobre crianças ilegalmente adoptadas, sobre homens que matam as mulheres ou ex-mulheres, sobre crianças maltratadas, de violência durante o namoro, de violência nos filmes, nos anúncios nas televisões… violência, violência nos joguinhos do computador, com pedófilos, com assédios sexuais, com chantagens emocionais e até com a sua participação em jogos que podem levar ao suicídio.

Andamos a respirar violência e andamos sem máscara…

Estamos em casa, mas cada um  relaciona-se com o telemóvel, com o computador… com a pressa de sair de casa para ir trabalhar. Cada um aninha-se, sozinho, num mundo perigoso para o seu desenvolvimento, para as relações pessoais, para a aprendizagem emocional.

Não vale a pena pôr uma máscara se nada se muda, ou antes, cada vez há mais visibilidade de uma sociedade violenta e sabemos que aprendemos por imitação.

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