Paulo Sérgio Almeida Nascimento.
George de Andrade Lima Rodrigues.
Carlos António dos Santos, o “Carlão”
Leandro Altenir Ribeiro Ribas.
Márcio Oliveira Matos.
Valdemir Resplandes.
Jefferson Marcelo do Nascimento.
Clodoaldo do Santos.
Valdenir Juventino Izidoro, o “Lobó”.
Luís César Santiago da Silva, o “Cabeça do Povo”.
Waldomiro Costa Pereira.
João Natalício Xukuru-Kariri.
Almir Silva dos Santos.
José Bernardo da Silva.
José Conceição Pereira.
Edmilson Alves da Silva.
Simeão Vilhalva Cristiano Navarro.
Nilce de Souza Magalhães, a “Nicinha”.
Paulo Sérgio Santos.
Jair Cleber dos Santos.
Fabio Gabriel Pacifico dos Santos, o “Binho dos Palmares”.
José Raimundo da Mota de Souza Júnior.
Rosenildo Pereira de Almeida, o “Negão”.
Eraldo Lima Costa e Silva.
Marielle Franco.
Estas mulheres e estes homens foram mortos pelas balas assassinas dos militares ou a mando das elites brasileiras (1). Tais execuções aconteceram entre 2014 e o passado dia 14 de Março. O dia em que o mundo tomou conhecimento da morte da socióloga Marielle Franco, a quarta vereadora mais votada do Rio de Janeiro, e do seu motorista, Anderson Gomes.
Marielle actuava na comunidade da Maré, onde nasceu e morava e a sua voz sempre denunciou a violência, o arbítrio policial, os ataques às minorias, os crimes ambientais.
Tal qual as vozes destas mulheres e destes homens que figuram neste mural de ignomínia e morte com que abro os Sinais de Fogo de hoje, e que foram silenciados pela lei da bala. Por serem líderes comunitários, líderes do Movimento Sem Terra, líderes indígenas, militantes sociais, ecologistas.
Apresento aqui alguns destes heróis e mártires (2) de um Brasil dividido entre indignos e indignados, e onde todos sabem de que lado querem ou podem estar.
– Paulo Sérgio Almeida Nascimento era um dos líderes da Associação dos Caboclos, Índigenas e Quilombolas da Amazónia. Tinha 47 anos. Foi morto a tiro na madrugada do passado dia 12, em Barcarena, no nordeste do Pará. Segundo a Polícia Civil as circunstâncias do crime ainda estão por apurar. O que se sabe é que Nascimento, dirigente da associação Cainquirama, denunciou problemas ambientais criados pela refinaria Hydro Alunorte, e que foi ameaçado por polícias locais. O líder comunitário pediu protecção, mas foi-lhe negada. Resultado: foi alvejado a tiro, durante a madrugada, quando se dirigia à casa de banho, que ficava fora da sua casa;
– Carlos António dos Santos, o “Carlão”, líder comunitário em Mato Grosso, foi morto a tiro, em frente à câmara da cidade. “Carlão”, que estava acompanhado pela mulher e pela filha, já tinha denunciado à polícia as ameaças de que vinha sendo alvo;
– Jefferson Marcelo do Nascimento, líder comunitário no Rio, apareceu morto no pasado dia 4 de Janeiro. Foi encontrado com sinais de enforcamento, um dia após ter sido dado como desaparecido Nascimento era líder comunitário em Madureira e tinha denunciado uma quadrilha de milicianos, gangues constituídos maioritariamente por polícias e bombeiros a soldo de traficantes, dias antes de ser executado;
– Valdenir Juventino Izidorom, o “Lobó”, líder camponês de Rondónia. “Lobó” foi morto no dia 4 de Junho de 2017, com um tiro à queima roupa. Valdenir liderava um grupo de trabalhadores sem-terra;
– Luís César Santiago da Silva, o “Cabeça do Povo”, foi executado no dia 15 de Abril de 2017, numa estrada do município de Brejo Santo (Ceará). Tinha 39 anos e era membro do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem.
-Waldomiro Costa Pereira, líder do Movimento Sem Terra no Pará, foi morto no dia 20 de Março de 2017. Pereira foi assassinado dentro do Hospital Geral de Parauapebas. Cinco homens armados renderam os seguranças e foram até à Unidade de Tratamento Intensivo onde o executaram. O líder do MST estava internado após ter sido alvo de um atentado em sua casa;
– João Natalício Xukuru-Kariri, líder histórico indígena em Alagoas. Foi morto à facada no dia 11 de Outubro de 2016. Xukuru-Kariri estava à porta da sua casa, numa aldeia indígena da região. Ainda era madrugada e Kariri preparava-se para ir trabalhar na roça;
– Nilce de Sousa Magalhães, a “Nicinha”, era líder comunitária e membro do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) em Rondônia. Foi morta a 7 de Janeiro de 2016. A tiro. “Nicinha” era pescadora e participou activamente na denúncia de danos ambientais,
– Paulo Sérgio Santos era líder quilombola na Baía. Foi assassinado no dia 6 de Julho de 2014. Santos estava no acampamento Nélson Mandela, em Helvética (BA) e foi surpreendido pela chegada de homens armados que o mataram de pronto.
Estes heróis e mártires recusaram pactuar com a pacificação da miséria e a normalização do arbítrio. Mantê-los vivos é um acto de gratidão colectiva e de decência intelectual. A paz dos cemitérios não calará a revolta que hoje alastra no Brasil do usurpador Temer.
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