Médicos e outros profissionais da Saúde vestiram-se de preto, na última sexta-feira. Fizeram-no, garantem, por uma razão central: o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está em “coma”, quase a dar o último suspiro. Por falta de médicos e enfermeiros e porque o dinheiro que o governo liberta para o SNS é insuficiente.
A iniciativa é da Ordem dos Médicos (OM) que promete transformar todas as sextas-feiras em dias de luta a favor do SNS. Mesmo que, como se vê, recorra ao inglês para publicitar o seu alerta. Espanto-me, porém, com o facto da Ordem e dos médicos só agora terem concluído que o SNS está prestes a ir desta para melhor… É que a falta de pessoal e o subfinanciamento do SNS são quase tão antigos como a sua criação.
Sobretudo, a partir do momento em que sucessivos governos convidaram os privados a transformar a Saúde num negócio que lhes enche os bolsos. A eles e a muitos médicos que sempre arranjam tempo para trabalhar no “público” e no “privado”.
A situação do SNS é grave, sim senhor. Faltam Médicos de Família, escasseiam médicos especialistas, enfermeiros, técnicos. Tal qual aconteceu nos anos em que o país esteve submetido aos ditames da troika e aos seus executantes internos.
Lembro: encerraram-se Centros de Saúde (CS), reduziram-se horários de funcionamento de outros e houve quem morresse por falta da administração de um medicamento inovador no combate à Hepatite C. Lembro-me. Mas não me lembro de ver a OM clamar, então, pela defesa do SNS e não topei nenhum médico vestido de preto. Mesmo que o fizesse apenas um dia por semana. Como agora.
