Uma nova série sobre as novas tempestades que se vislumbram já no horizonte
Seleção e tradução de Júlio Marques Mota
Parte II – 27. Será isto o fim dos mercados em baixa, para sempre? (1ª parte)
Por Lance Roberts
em 27 de fevereiro de 2018
Que surpresa… oh, como somos rápidos a esquecer
Ontem, à medida que os mercados disparavam à alta, a minha caixa de emails encheu-se de questões relativamente ao nosso boletim informativo do fim de semana passada.
“Perguntei nos últimos meses exatamente qual a volatilidade que o Fed permitiria antes de entrar em confronto para manter os mercados estáveis.
Sabemos agora que é um declínio de aproximadamente 10%.
Especificamente, os comentários sobre a QE ser “útil para ter no conjunto de ferramentas para aqueles momentos em que a ferramenta taxa de juro de curto-prazo pode não estar disponível” acrescentando-se que é “muito provável bastante provável” que o Fed exija compras de ativos em larga escala novamente porque, na verdade, as taxas permanecerão baixas devido ao lento crescimento da produtividade e ao crescimento da força de trabalho. Esses comentários também acrescentavam que “se a compra de ativos em larga escala não é eficaz, então a Fed pode ter de tomar outras medidas.” (artigo completo aqui)
Por outras palavras, apesar da retórica em contrário, o Fed não vai desaparecer …… nunca!”
O dilúvio de e-mails girava em grande parte em torno da mesma premissa.
“Se o Fed não vai desaparecer, se não vai mudar de posição, então, porque é que haveria de haver alguma vez outro mercado à baixa?”
É certamente uma questão interessante, particularmente porque o Fed continua a apresentar de altos funcionários para fazer declarações de apoio ao mercado, como o vice-presidente do Fed, Quarles, que afirmou na segunda-feira:
“Pode parecer razoável supor que um crescimento mais rápido levaria a uma inflação mais firme. No entanto, penso que ainda há muito para se ver. “
Ou mesmo Mario Draghi, presidente do BCE, que disse:
“Na presença de uma situação económica que está a melhorar constantemente, precisamos de uma adequada combinação de medidas. As incertezas continuam a prevalecer“.
Assim, apesar das economias que supostamente estão a melhorar, os Bancos Centrais continuam no seu décimo ano a aplicar “medidas de emergência”. Como Michael Lebowitz afirmou recentemente:
“As políticas monetárias dos bancos centrais globais após a crise financeira foram coletivamente mais agressivas do que alguma vez se testemunhou na história financeira moderna. Ao longo dos últimos dez anos, os seis maiores bancos centrais imprimiram uma quantia de dinheiro sem precedentes para comprar aproximadamente US $ 14 milhões de milhões de ativos financeiros, conforme se mostra abaixo. Antes da crise financeira de 2008, o único banco central que imprimiu dinheiro com alguma relevância foi o Peoples Bank of China (PBoC)“.
Com isso, certamente entendo o raciocínio de que se, de facto, os “Bancos Centrais” estão agora empenhados em continuar as intervenções monetárias, os mercados financeiros tornaram-se efetivamente “à prova de fogo contra os mercados em baixa“.
Mas essa crença é extremamente perigosa.
É também a mesma “crença” de que cada grande bolha tem sido construída ao longo da história e impulsionada pelas mesmas bases subjacentes.
COMO CHEGÁMOS AQUI?
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O que criou a bolha “NA” escolha da classe de ativos dessa altura …
TODAS AS BOLHAS GIRARAM EM TORNO DA ESPECULAÇÃO EM ALGUMA COISA
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O que criou a bolha…
É ESTA ÉPOCA DIFERENTE (DAS ANTERIORES)?
Todas as características anteriores podem encontrar-se de alguma forma ou maneira em TODAS a bolhas de mercado ou colapsos anteriores o Bolha da túlipa – 1600 o Exchange Alley – 1690 o South Sea Bubble – 1750 o Mercados Emergentes – 1820 o Caminhos-de-ferro – 1845 o A Era Dourada – 1907 o A Nova Era – 1929 o Matérias-primas – 1973 o Carteira de seguros – 1987 o Crise LTCM (fundos de gestão de capital de longo prazo) – 1997 o Nova Era Tecnológica – 2000 o Imobiliário/Empréstimos Sub-prime – 2008 o Intervenções Monetárias dos Bancos Centrais – 2018
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O que acaba sempre mal para os investidores.
Todas as vezes.
É “este nosso tempo diferente?”
Não, e isto vai acabar da mesma forma que todas as bolhas anteriores ligadas à liquidez ao longo da história.
Sobre esta questão, há a certeza absoluta.
(continua)
Texto original http://realinvestmentadvice.com/the-end-of-bear-markets/
O autor: Lance Roberts é economista, especialista em mercados financeiros, diretor e editor chefe de Real Investment Advice, chefe de estratégia de portfolio em Clarity Financial.