Trickle down ou trickle up eis a questão. E qual tem sido a opção?Parte II – 28. Um passeio selvagem em 2018: estará a bolha apenas a começar?  Por The Economist , Buttonwood’s notebook

Uma nova série sobre as novas tempestades que se vislumbram já no horizonte

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 Seleção e tradução de Júlio Marques Mota

Parte II – 28. Um passeio selvagem em 2018: estará a bolha apenas a começar? 

Por The Economist logo , Buttonwood’s notebook, em 4 de janeiro de 2018

 

Jeremy Grantham geralmente é visto como um pessimista nos mercados. Mas ele fez uma previsão surpreendente.

Trickle down Parte II Texto 28 1

Pronto para ser derretido? Os investidores são, em geral, otimistas sobre as perspetivas para os mercados de ações este ano, mas um intrépido gerente de fundo pensa que é provável que as cotações das ações americanas poderiam aumentar 50% nos próximos 6 meses a dois anos. Talvez a maior surpresa seja a identidade desse especialista intrépido gerente: Jeremy Grantham.

Jeremy Grantham, um dos fundadores do grupo GMO, especialista na gestão de fundos, é mais conhecido pela sua prudente abordagem no que diz respeito à avaliação dos mercados. Ele foi um dos investidores que saíram do boom dotcom bem antes da queda dos mercados. A previsão mais recente de sua empresa para retornos de sete anos é uma perda anual de 2% das ações das grandes empresas americanas; entre todas as categorias de ativos, apenas o dinheiro líquido e as ações dos mercados emergentes deverão produzir um retorno real positivo ao longo do período de sete anos.

 

Então, vejamos como é que Grantham justifica os seus pontos de vista. Ele não deixa de manter a sua convicção de que os valores atuais estão elevados.

Os dados sobre os preços elevados no mercado são claros e factuais. Podemos ter a certeza de que podemos obter da análise da bolsa que o preço atual das ações é excecionalmente alto.

Mas o que ele não vê são os outros indicadores que apontaram para as bolhas no passado. Não há sinal de euforia; a TV e os jornais não estão repletos de histórias sobre pequenos investidores que estão diariamente a negociar na bolsa. (Talvez porque todos os especuladores estão a negociar bitcoin.) Também não vimos sinais de uma aceleração tardia das cotações das ações como aconteceu com as ações americanas em 1929 e 1999/2000 ou no Japão em 1989. Jeremy Grantham pensa que essa etapa é a próxima que se irá verificar.

Enquanto isso, os investidores têm o vento pelas costas; a economia global parece estar a recuperar, tal como os números das PMI [Purchasing Managers Index sobre a indústria transformadora] parecem indicar. O pacote de corte de impostos da América dará um novo impulso à obtenção de lucros. O FED tem estado a aumentar as taxas de juro mas é improvável que o faça suficientemente rápido para criar problemas aos mercados (particularmente devido à nomeação de Jerome Powell, que provavelmente seguirá uma política acomodatícia, na visão de Grantham)

Grantham também não pode ver os sinais técnicos de um pico do mercado; a concentração em algumas ações, por exemplo. Uma medida importante é a progressão da linha de declínio – número de ações que estão a subir relativamente àquelas que estão a descer. Essa linha estava em recuo durante grande parte de 1929 e atingiu o pico em 1998, muito antes da explosão da bolha. Ainda parece positiva hoje; este avanço é bastante amplo.

Há um salto é claro. Se o derretimento ocorrer, Grantham pensa que o colapso, sob a forma de um declínio na ordem dos 50% a subir, é praticamente inevitável. Lembremo-nos que um avanço de 50% seguido de um declínio de 50% deixa o mercado com uma contração de 25% no final do processo.

A previsão tem atrás dela um bom grau de plausibilidade. Este analista ainda tem a sensação de que a política pode intervir, talvez sobre a Coreia do Norte, onde alguns pediram um “ataque limitado”. Mas há outro sinal de um pico, que é quando proeminentes operadores da bolsa que apostam normalmente na baixa das acções (bears) desistem e abraçam a tendência de alta do mercado. À sua maneira, Grantham pode estar a funcionar como um indicador contrário.

 

Texto original em https://www.economist.com/blogs/buttonwood/2018/01/wild-ride-2018

 

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