Numa recente conferência de imprensa o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, definiu as propostas, pouco claras se não contraditórias, do actual governo italiano em matéria económica, uma “cacofonia” danosa para as famílias e para as empresas. Portanto, também Mario Draghi, pondo de parte a sua habitual reserva, não pôde deixar de relevar como a acção político-administrativa do novo executivo verde-amarelo se resume, não tanto a actos concretos de governo, mas a uma linguagem de uma incessante comunicação propagandística feita sobretudo no âmbito dos “social networks”.
Os dois responsáveis pelo contrato de governo adoptam, de facto, as expressões que mais exaltam as respectivas facções: Salvini, por exemplo, indica aos migrantes o caminho das costas italianas, que “a bandalheira” acabou, e manda-os num “cruzeiro” para outro porto do Mediterrâneo, ou então serve-se da vida de 118 migrantes bloqueados num navio italiano no porto de Catânia para solicitar a intervenção imediata da UE, que não responde ao ultimatum; ao magistrado que o investiga por sequestro de pessoas responde «eu fui eleito pelos italianos, tu não!», com evidente desprezo pela função das diversas instituições do Estado.
Di Maio, por sua vez, dirige-se aos seus eleitores com uma linguagem profética de agitador de antiga linhagem: «O Estado somos nós!!!» e «Connosco muda a história deste país»; geralmente os seus discursos, como os dos outros ministros do M5S, abundam de slogans tão tranquilizadores quanto absurdos: «mais do que as cotações das agências de rating, a nós interessam-nos as necessidades dos italianos!!!», enquanto para a ministra da saúde vacinar as crianças tornou-se numa «obrigação “flexível”!!!».
O apelo de Massimo Cacciari