CARTA DE BRAGA – “de milhões e de justiça” por António Oliveira

Confesso humildemente não perceber absolutamente nada de Finanças, a não ser que os meus meses são cada vez mais compridos.

Mas confesso humildemente também, ter ficado mais uma vez aterrorizado quando, há poucos dias, li no ‘DN’ ‘As injecções de capital no Novo Banco, deveriam ser de 2941 milhões de euros entre 2018 e 2021, num cenário normal, mas deve ser pior do que isto’.

A afirmação era garantida pelo Conselho das Finanças Públicas.

Uns dias antes e no mesmo diário dizia-se que ‘se não fossem as ajudas valiosas dos contribuintes ao Novo Banco, Portugal teria já este ano um excedente orçamental equivalente a 0,5% do produto interno bruto (PIB)’.

Curiosamente, em 24 do mês passado, o ‘Jornal de Negócios’ apresentava uma série de títulos, pelo menos dramáticos, para mim e para a quase totalidade dos portugueses:

Ano de 2015: “Portugueses já deram 13 mil milhões para salvar bancos”

Ano de 2016: “Portugal gastou 14 mil milhões com a banca desde 2008”

Ano de 2017: “Salvar bancos já custou 14,6 mil milhões aos contribuintes”

Ano de 2018: “Ajudas à banca já custaram 17 mil milhões aos contribuintes”

Ano de 2019: “Ajudas aos bancos já custaram 1.800 euros a cada português”

E, mais abaixo ‘Entre 2001 e 2016 foram desviados 50 mil milhões pelas famílias mais ricas. Entretanto, salários e pensões já pagam 90% da receita de IRS. Unindo estes pontos, só se pode resumir uma coisa: Grande sucesso da liberalização dos movimentos de capitais!

A juntar a isto tudo e no mesmo jornal do dia 21, ‘Portugal é dos países que mais milionários vai criar’, baseado num relatório do Credit Suisse, que antecipa ‘o número de milionários em Portugal aumente 49% até 2024, um crescimento que será superado apenas por três países. Actualmente são 117 mil os portugueses que detêm um património avaliado em mais de um milhão’.

Repito uma vez mais, que não percebo absolutamente nada de Finanças, a não ser que os meus meses são cada vez mais compridos, mas a menos que me provem que também não sei ler, alguma coisa está a correr mal para todos os portugueses menos favorecidos pela caprichosa deusa Fortuna.

De qualquer maneira, atrevo-me a terminar esta brevíssima Carta com uma frase do ex-presidente uruguaio José ‘Pepe’ Mujica, aqui escrita na sua própria língua, ‘Yo quiero saber la verdad, pero en la justicia no creo un carajo’.

Não poderia ser mais explícito!

António M. Oliveira

Não respeito as normas que o Acordo Ortográfico me quer impor

4 Comments

  1. Esses amigos do povo, pelo menos, afastaram definitivamente da governação os herdeiros do antigamente mas, infelizmente, não têm unhas para fazer frente aos neoliberais vestidos de rosa. Quem colabora com o IVº reich (UE) – e todos eles comem dessa gamela – muito explicitamente – digam o que dizerem – acabam por optar pela banca em detrimento dos interesses da População,. CLV

  2. Esses amigos do povo, pelo menos, afastaram do poder político – e muito bem – os herdeiros do antigamente. Infelizmente – e muito explicitamente – não têm unhas para fazer frente aos neoliberais cor de rosa. Quem come na gamela do IVº Reich – e todos vão lá buscar uma fatia – fica de pernas cortadas. CLV

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