Sugeri a um dos editores do blog A Viagem dos Argonautas a publicação de um texto de um muito bom analista dos mercados financeiros à escala mundial, Doug Casey, intitulado Seis razões pelas quais o partido errado vai ganhar a eleição mais importante dos EUA desde 1860. Ficou com sérias reservas quanto à minha proposta de publicação, mas acho que o texto valia a pena ser editado, apesar da profunda distância em que me situo face ao mesmo texto, uma vez que dele emanam pura e simplesmente mensagens que podemos situar quase ao nível da extrema-direita americana. No entanto, mantive a proposta por uma razão bem simples: descreve de forma dramática o que é a América neste período eleitoral e os perigos que desta situação podem resultar, uma responsabilidade que deve ser partilhada pelos políticos dos dois grandes partidos, Republicano e Democrata. Talvez com muito maior responsabilidade para o Partido democrata do qual se poderia esperar muito mais do que ser a cópia envernizada do Partido Republicano, sem a má educação que neste é hoje um símbolo.
Esta será a principal questão que irei tratar nesta nota face a um texto da direita inteligente, sem esquecer que Casey é um dos grandes analistas dos mercados financeiros, que considero importante ler, quer pela análise que faz do atual processo eleitoral quer ainda para nos dar uma ideia de como pensa a direita americana não caciqueira, uma direita que não gosta da democracia mas que não nos diz do que é que gosta, afinal.
Emblemática e grave é a sua análise da crise Covid, onde aparece como defensor da imunidade de grupo, e isto depois de tantos milhares de mortes e da indiferença em que se coloca perante a morte maioritariamente de velhos, portanto, economicamente sem significado. Não o diz, é certo, mas a consequência deste tipo de discurso é pensar, como os holandeses, que isto é um bem para a economia, uma vez que alivia as cargas sobre o Estado, sobre os impostos. Não o diz, como não o disse o inglês Victor Hill, também ele um importante analista dos mercados, ao falar numa história de mortos provocados por uma rusga dos alemães sobre o povo russo, em que se deviam afastar os mortos da estrada e seguir em frente
A partir do momento em que se manifesta contra as politicas de confinamento praticadas com mais ou menos intensidade em quase todos os países, ele está pois contra todas as políticas de apoio económico que têm sido estabelecidas para os mais atingidos pela crise pandémica, os trabalhadores ditos essenciais, e para as empresas que viram as suas receitas caírem a pique, uma vez que esta crise é , para ele, uma crise inventada. Trata-se de um vírus manso, nada mais que isso, é o que ele nos diz! De resto é bem claro quando diz:
“O efeito da COVID sobre a economia deveria ser banal , uma vez que apenas uma pequena fração das relativamente poucas mortes de COVID se encontra entre as pessoas economicamente ativas.” Aqui privo-me de comentários.
A sua posição de direita é manifesta por todo o texto mas sobre isto sublinho apenas dois pontos:
1.a)”Uma das consequências [das] disfunções amplamente reconhecidas é a de deslegitimar toda a ideia de votar. Isso possivelmente não é uma coisa má (o sublinhado é meu). A democracia de massas degrada-se inevitavelmente passando a ser um sistema em que são os próprios cidadãos mais pobres que votam os seus benefícios à custa da classe média.
b) Basicamente, a democracia de massas é a regra da máfia vestida de fato e gravata. Mas se a população perder a fé na “democracia” durante uma grave crise económica como esta, eles vão procurar um homem forte para endireitar as coisas. Os EUA vão parecer-se cada vez mais com a Argentina. Ou mesmo pior.”
Este ponto 1.b), parece-me extremamente importante e sério para poder ser ignorado e aqui concordamos completamente com Casey.
2. “Alexandria Ocasio-Cortez (AOC), e pessoas como ela, são tanto a realidade atual como o futuro do Partido Democrático – e dos próprios EUA. Ela sabe como capitalizar a inveja e o ressentimento.
(…)
Ninguém, exceto alguns libertários e conservadores, está a contrariar as ideias propositadamente destrutivas que a AOC representa. Mas eles têm um público muito limitado e não têm grandes audiências a ouvi-los.”
Aqui, a visão de Casey sobre as camadas jovens que animam o Partido Democrata na sequência de Bernie Sanders, e só isto já confere a Sanders uma extraordinária importância política, e que serão possivelmente a esperança para os USA se libertarem de um sistema corrupto dominado pela alta finança e pelos caciqueiros de Trump, é para mim uma das suas marcas mais salientes para classificar Casey como um homem inteligente da direita pura e dura não caciqueira.
Mas sublinho, a minha ideia de publicar o texto não tem nada a ver com isso, mas com a análise comparativa que faz dos dois partidos num país que até aqui marca o que se passa no mundo e a sua tese é de que a diferença entre eles é globalmente de pura cosmética.
Com efeito diz-nos Doug Casey:
“A insatisfação generalizada com o sistema é obviamente má para os republicanos e boa para os democratas, que se promovem a si próprios como o partido da mudança.
Costumava ser bastante simples – os Republicanos e os Democratas eram apenas duas faces da mesma moeda, como Tweedledee e Tweedledum. Tradicionalmente, um promovia mais o estado de guerra, o outro o estado social. Mas era sobretudo retórica; eles eram bastante colegiais. Agora, tanto o estado de bem-estar como o estado de guerra foram aceites como parte do firmamento cósmico por ambas as partes. A diferença entre eles é agora sobre questões culturais. Só que o desacordo polido se transformou em ódio visceral.
(…)
Não há salvação política vinda do partido republicano. Tal como o próprio Trump, o Partido republicano não tem quaisquer princípios fundamentais. Apenas reage aos Democratas e propõe alternativas semelhantes, mas menos radicais às suas ideias. Não representa nada. Só é capaz de apresentar fatos vazios, figuras puras do establishment como Bob Dole, Mitt Romney, ou Bush. Ou um zé-ninguém como Pence. É uma fórmula para o desastre no ambiente demográfico e cultural atual.”
(…)
A propósito, não sou um fã de Trump, por si só. É um oportunista que desaparece, que se mete pelas calças abaixo. É essencialmente um Peron americano, cujas políticas económicas são desarticuladas e inconsistentes. As suas políticas externas são perigosas, provocando os iranianos e os russos e iniciando uma guerra fria com a China, que poderia facilmente ficar fora de controlo e transformar-se numa grande guerra quente.”
Pessoalmente pelo que tenho lido sobre os Estados Unidos não discordo em nada do que aqui é reproduzido.
Um exemplo podemos nós tirar da repartição de rendimento nos Estados Unidos durante as últimas décadas. Exemplar desse ponto de vista: com republicanos e ou com democratas a desigualdade na repartição tem sido crescente. Alguns números:
-Entre 1990 e 2020, a riqueza bilionária dos EUA aumentou 1.130 por cento em dólares de 2020, um aumento mais de 200 vezes superior ao crescimento médio de 5,37 por cento da riqueza dos EUA durante este mesmo período.
– Entre 1980 e 2018, as obrigações fiscais dos bilionários americanos, medidas como uma percentagem da sua riqueza, diminuíram 79 por cento.
– Entre 1 de Janeiro de 2020 e 10 de Abril de 2020, 34 dos 170 bilionários mais ricos da nação viram a sua riqueza aumentar em dezenas de milhões de dólares. Oito destes bilionários – Jeff Bezos (Amazon), MacKenzie Bezos (Amazon), Eric Yuan (Zoom), Steve Ballmer (Microsoft), John Albert Sobrato (Silicon Valley real estate), Elon Musk (Tesla e SpaceX), Joshua Harris (Apollo Global Management), e Rocco Commisso (Mediacom) – viram o seu património líquido aumentar em mais de mil milhões de dólares.
– O aumento da riqueza de Jeff Bezos é sem precedentes na história financeira moderna e varia muito de dia para dia. Desde 15 de Abril, a sua fortuna tinha aumentado em cerca de 25 mil milhões de dólares desde 1 de Janeiro de 2020. Isto é maior do que o Produto Interno Bruto das Honduras, 23,9 mil milhões de dólares em 2018.
– A riqueza bilionária recuperou rapidamente após a crise financeira de 2008, levando menos de 30 meses a atingir os seus níveis anteriores à crise. Entre 2010 e 2020, a riqueza bilionária dos EUA aumentou 80,6% em dólares de 2020, mais de cinco vezes o aumento médio da riqueza de 15,1% para as famílias dos EUA durante os anos de 2010 a 2016, com base nos dados mais recentes disponíveis.
– A parte do aumento da riqueza dos bilionários nos Estados Unidos aumentou ao longo das últimas quatro décadas. Entre 2006 e 2018, quase 7% do aumento real da riqueza da América foi para as 400 famílias mais ricas do país.
Um gráfico e um quadro ilustrativos onde as datas estão trocadas neste gráfico.
Digo acima que considero o Partido Democrata como o principal responsável pela situação de angústia que se vive hoje nos USA e no mundo no que se refere ao que se passa agora nos USA e sobre aquilo que se pode vir a passar nos próximos 4 a 8 anos. Mas deste Partido democrata pode-se esperar alguma coisa de bom? Talvez o erro de análise esteja em pensar que se poderia esperar muito melhor.
Mas não estarei eu enganado? Haveria que esperar um outro comportamento deste Partido? Vejamos um incidente que se passou nas primárias recentes na 16ª circunscrição do estado de Nova Yorque.
Dois candidatos disputavam o lugar, o Presidente da Comissão dos Negócios Estrangeiros, Elliot Engel que perdeu o lugar que ocupava contra Jamal Bowman, um professor afro-africano do Bronx, apresentado como próximo de Alexandra Ocasio-Cortez.
No Congresso desde 1989, Eliot Engel foi sistematicamente reeleito sem oposição. Este fervoroso defensor dos interesses do complexo militar-industrial tinha votado a favor da guerra no Iraque e contra o acordo nuclear iraniano assinado por Barack Obama. Situado à direita do Partido Republicano sobre questões relacionadas com Israel, lamentou publicamente que a Síria e o Irão não tenham sofrido o mesmo destino que o Iraque, e aliou-se aos republicanos para impedir a proibição da utilização de munições de fragmentação no Iémen. Criticado pela sua falta de oposição a Donald Trump, aceitou o apoio de doadores republicanos, para além do financiamento de lobbies pró-israelitas.
Os principais altos quadros do Partido Democrata têm-lhe sido solidários, incluindo a Presidente da Câmara Nancy Pelosi, o líder do Grupo Democrata do Senado Chuck Schumer e o Governador do Estado de Nova Iorque Andrew Cuomo. Até Hillary Clinton, que se retirou da política, achou por bem oferecer o seu apoio oficial. Como sinal do poder do establishment democrata, o Black Caucus, um caucus de representantes do congresso afro-americano, também apoiou Engel (que é branco) contra o afro-americano Bowman.
Bowman ganhou contra o barão Eliot Engel. Uma vitória qualificada de “demonstração de força da esquerda democrata pelo New York Times.
Um partido que age assim com todos estes barões ao lado de Eliot Engel para vencer alguém perto de Alexandra-Ocásio Cortez e de Bernie Sanders diz-que para aos barões democratas antes a direita-direita do que os democratas de esquerda que começam a aparecer no Partido. .O que é que então se pode esperar deste Partido? Eu direi, que por agora nada de bom se pode esperar dele.
À luz do que tem sido o mandato de Trump, e isto não é só de agora, não se entende que o Partido Democrata se tenha posicionado a favor de Joe Biden. Talvez tenha alguma sorte mas se a tiver isso dever-se-á não ao mérito do seu candidato mas à incompetência de Trump em responder à crise gerada pelo Covid 19.
Vejamos uma curta análise sobre as táticas de Trump, bem conhecidas desde que tomou posse, no que se refere ao processo eleitoral, e numa sociedade que está em claro processo de fascização como iremos mostrar com dois artigos que anexaremos a este comentário sobre as eleições americanas de uma sociedade. Perante isto é criminosa a opção do partido Democrata que pelo menos no início do processo parecia estar a cometer o mesmo erro que nas eleições de 2016. O que poderá ter mudado o rumo das coisas é o Covid. Triste Partido Democrata se esta análise está correta…
TÁCTICAS DIRECTAMENTE INSPIRADAS PELOS REGIMES FASCISTAS
Quando questionados por The Intercept, o historiador especialista em Mussolini, Rith Ben-Ghiat da Universidade de Nova Iorque e o filósofo de Yale Jason Stanely, autor de “How Fascism Works: The Politics of Us and Them”, as manobras eleitorais de Donald Trump foram vistas como uma reprodução quase perfeita das táticas fascistas do período entre guerras.
As críticas às elites intelectuais e científicas, os ataques à imprensa e ao jornalismo, os bodes expiatórios sistemáticos (imigrantes, muçulmanos, minorias étnicas e conspiração judaica) e os inimigos externos (Irão, China), a construção do mito de um passado glorioso que deveria ser restaurado (tornar a América grande novamente), o nepotismo e a comunicação direta com as massas estão entre as principais características apontadas pelos dois investigadores.
Acrescentam a formidável ferramenta de propaganda que se tornou a FoxNews, o principal canal de notícias do país. Os seus dois apresentadores chaves chegaram ao ponto de aparecer numa plataforma de campanha ao lado do presidente, deixando poucas dúvidas quanto à permeabilidade ideológica entre as duas instituições. Entre a falsa informação fabricada pela Fox News e depois transmitida pela Casa Branca, e as mentiras do presidente amplificadas pelo canal, Trump tem um poderoso megafone para transmitir a sua fascinante retórica.
A sua base eleitoral, diluída com propaganda dos meios conservadores do país, parece-lhe definitivamente adquirida. Desde a sua eleição, Trump já realizou mais de 60 comícios de campanha para a solidificar. Estes “comícios” são uma oportunidade para fanatizar um grupo de seguidores que representam o terreno fértil de uma milícia fascinada, armada até aos dentes e com milhões de indivíduos. Uma delas enviou catorze bombas de pacote aos principais “inimigos do povo” designados por Trump e aos conspiradores de extrema direita: George Soros, Barack Obama, Hillary Clinton e ao corpo editorial da CNN, entre outros. Será então de admirar, quando Trump caracteriza constantemente a oposição democrática como “má”, “louca” e “violenta”?
Os principais meios de comunicação social não parecem levar esta retórica a sério. No entanto, o bilionário tinha avisado que não reconheceria necessariamente o resultado das eleições em caso de derrota, e já tinha falado da violência e motins que poderiam acompanhar a sua saída da Casa Branca. Trump fala abertamente sobre a possibilidade de concorrer a um terceiro mandato, que é em princípio proibido pela constituição, mas que seria de facto difícil de evitar no contexto atual.
Ele poderá contar com o apoio de alguns dos círculos financeiros e bilionários a quem concedeu o maior corte fiscal da história recente, e também com o apoio da América evangélica, que o vê como um aliado desesperado na revogação do direito ao aborto e no questionamento do acesso à contraceção.
Com uma evolução política deste nível, fascizante mesmo, a alternativa ao monstro Trump foi então alguém que ideologicamente ajudou Trump a ganhar as eleições anteriores. Biden não é diferente de Hillary Clinton e aos ligações ao complexo militar e aos meios financeiros também não será diferente.
Pelos vistos, a estes lideres democratas é preferível consentir tudo à direita do que permitir a ascensão da esquerda democrática no interior do Partido. De resto, o pacifista-militarista Obama, um dos homens que armou a polícia até aos dentes e a militarizou enquanto formação profissional, dizia que só interviria no processo eleitoral se e só Bernie Sanders corresse o risco de ganhar as primárias! E não correu esse risco, Bernie Sanders saiu antes.
O PARTIDO DEMOCRÁTICO, O ÚLTIMO GARANTE DA DEMOCRACIA?
A tomada de posse da maioria democrata na Câmara dos Representantes torna possível restabelecer o famoso jogo de “check and balances” em que se baseia a democracia americana. Concretamente, o Partido Democrata pode lançar comissões de inquérito juridicamente vinculativas, tem a iniciativa a nível legislativo, e tem poder de veto no Congresso.
Mas opor-se sem propor corre o risco de fortalecer o presidente e desmobilizar os eleitores democratas. Para evitar esta armadilha, Sanders descreveu no Washington Post a estratégia a seguir: limitar as comissões de inquérito ao estritamente necessário, e passar uma série de reformas ambiciosas para colocar o Partido Republicano (maioria no Senado) e Donald Trump contra a parede.
As reformas deveriam incluir, segundo o senador socialista, uma proposta de seguro de saúde universal (Medicare for all, aprovado por 70% dos americanos), um aumento do salário mínimo para 15 dólares por hora (desejado por 74% dos americanos) e um “novo acordo verde” para proporcionar empregos.
Mas o Partido Democrata, sob a liderança da sua ala centrista e neoliberal, tomou a direção oposta, elegendo a controversa Nancy Pelosi, a candidata favorita dos lobbies e do próprio Donald Trump, para chefiar a maioria parlamentar. Uma escolha lógica, dado o peso respetivo das diferentes facções, mas não muito encorajadora para o futuro. Pelosi teve de desistir da sua ala direita, um caucus de 24 funcionários eleitos financiados pelos bilionários republicanos (sic), e enterrar qualquer perspetiva legislativa verdadeiramente progressista.
Quando se fala do Partido Democrático, é preciso ter em mente que estamos a falar de uma formação predominantemente de centro-direita, financiada por lobbies industriais, e ideologicamente ligada a uma lógica de “compromisso” (com republicanos e interesses financeiros) que o levou a criar um sistema de encarceramento em massa sob Bill Clinton, a deportar 2,5 milhões de imigrantes indocumentados sob Obama, e a votar a favor do aumento do orçamento militar e da restrição das liberdades individuais sob Donald Trump.
Compreende-se pois a afirmação de Doug Casey de que a diferença entre os dois Partidos que se disputam as eleições são de pura cosmética e apenas de matriz cultural. Compreende-se ainda que o texto desse ponto de vista se torne incómodo para muita gente. De resto, Casey remata esta ideia com a seguinte afirmação:
“Se Trump perder as eleições – ou mais exatamente, se os democratas ganharem – isso vai, de facto, mudar a natureza dos EUA de forma drástica e permanente. Infelizmente, vai ser esse o caso, mesmo que Trump ganhe.”
Ganhe um, ganhe outro, será para Casey “quase que” a mesma coisa!
Para mim, pelo contrário onde Casey se torna mais incómodo ainda é, por um lado, por não colocar na ordem do dia e de forma claramente crítica os aspetos fascizantes que os republicanos têm estado desde há anos a moldar, com o silêncio ou aprovação dos Democratas, e, por outro lado, não haver em nele um repúdio das práticas abertamente racistas que estão em claro desenvolvimento. Mas talvez não possa haver repúdio pela sua parte quanto às praticas abertamente racistas de Trump. Desse ponto de vista, a publicação deste texto tem uma importância: mostra-nos também o que é a direita americana que não se revê em Trump, que publicamente o desconsidera fortemente mas que, lá no fundo, gosta do que Trump faz mas não gosta que seja feito ou assumido desta maneira. A leitura deste texto mostra pois que desta direita nada de bom também se pode esperar. Mas, sublinho mais uma vez, a edição deste texto deve-se principalmente ao facto de nos mostrar a paisagem política dos dois grandes partidos, das suas muitas similitudes e das suas muito poucas diferenças, o que ele muito bem expressa. No resto, é um texto para ignorar seja no que diz explicitamente seja no que diz implicitamente e que se infere do que deixa bem explícito.
Para dar o quadro político e social que Doug Casey não apresenta junto à edição desse texto, dois outros, publicados em TomDispatch:
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Tomgram: Liz Theoharis, Olhando para a pobreza nos Estados Unidos.
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Tomgram: John Feffer, As ligações efetivas de Donald Donald com a mafia
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Tom Engelhardt: Trump O Maestro da Morte e da Destruição da América
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William Astore, O lado obscuro da América na era de Trump