SINAIS DE FOGO – PEDEM 450 EUROS MENSAIS POR ESTE CASEBRE – por Soares Novais

 

Pedem 450 euros de renda mensal por esta “casa térrea” em Leça do Balio, Matosinhos

 

O anúncio, colocado na página do marketplace, reza assim:

“Casa térrea T1 – ponte da pedra/santana- Leça do Balio

450 €/mês

Arrendamento

Descrição

1 quarto, wc, sala e cozinha + lugar para carro descoberto. Pequeno espaço no exterior. Fica no anexo de casa principal. Transportes à porta. Dou preferência a pessoas mais novas com agregados pequenos e sem animais.”.

O casebre que pode visitar em:

https://www.facebook.com/marketplace/item/266659745482765?ref=search&referral_code=marketplace_search&referral_story_type=post&tracking=browse_serp%3Aee524d20-d946-4f6c-85bf-9be003df30b6  é um anexo de uma casa em Leça do Balio, Matosinhos. E tanto pode esconder um trabalhador indiferenciado como um jovem licenciado, que tenha de viver fora da casa dos pais e que estes não tenham condições para ampará-lo – basta ver os anúncios afixados nas montras dos Centros de Emprego espalhados pelo país.

 

É que, assinala um estudo recente do economista Eugénio Rosa, consultor da CGTP e colunista de aviagemdosargonautas.net, a “distorção salarial, está a determinar que o salário mínimo nacional represente uma proporção cada vez maior do salário médio, tendo já atingido 67,3% da remuneração média”.

É, pois, perante esta triste realidade que um trabalhador que aufira o actual SMN  – 665 euros brutos – terá de despender quase 70% para ter o direito a habitar um casebre sem as condições mínimas. E mais de 65% do salário mínimo de 705 euros que vigorará em 2022 – e que os patrões aceitaram pagar depois de colherem as habituais benesses do Estado.

É por estas e por outras que as nossas principais cidades são hoje urbes gentrificadas e meros dormitórios habitados ao dia por visitantes estrangeiros, que a natalidade baixa ano após ano e que somos um país de velhos. Os finórios, como este de Leça do Balio, agradecem…

Leave a Reply