Não queria nem quero encarar a situação em que vivemos, como uma ‘nova normalidade’!
Já me habituei à pandemia –tirando um novo vírus que apareceu no sítio do costume, a sul da China–, mas como já tenho mais vacinas contra a covid, do que as que apanhei na minha vida toda –além das cerca de dez primeiras contra o tétano, por nunca ter apanhado a segunda– agora só tenho de me habituar às guerras –na Ucrânia por enquanto, porque o ambiente parece uma frigideira quente– ajudado por um tempo bem acalorado e seco como nunca houve, mas tenho medo de me habituar a esta regularidade de males e caramunhas, por as lamentações virem de todos os cantos.
Mas ainda tem havido ‘pormaiores’ a quebrar o enguiço, como os mais de mil e quinhentos bombeiros, bem como hélios e aviões pesados a deitar água na Serra da Estrela, por alguns ‘inteligentes’ resolverem que a temperatura não estava a aquecer o suficiente, depois das enormes miragens e ilusões de liberdade que as diferentes ‘quedas de muros e regimes’ nos trouxeram; estamos a ver este mundo cada vez mais encrespado e ouriçado com fronteiras mentais ou físicas, desde os fugidos, os refugiados, os sem terra e os sem povo, os ‘às cores ou às riscas’, todos os que vieram potenciar a mornidão onde se vivia, a contar ainda com os ‘tesouros’ escondidos na pedra e à espera de mineração.
Mas temos de estar aprontados para os próximos tempos pois, diz Josep Borrel, o chefe da diplomacia europeia, num ‘El País’ de Agosto, ‘Ninguém sabe o que vai fazer Putin, mas o racional é prepararmo-nos para o pior. Se quer usar a energia como arma, não vai esperar que enchamos os nossos stocks no inverno. Estamos em guerra e essas coisas não são grátis’.
Está e é bem claro, que se perguntaram a qualquer um dos que somos visto como meros ‘pagantes’ o que se deveria fazer, a resposta seria que só nos sobra mês, ao mesmo tempo que vemos outros a trepar sem escadas e, aqueles que têm o privilégio de o autorizar, ou de ignorar por o saberem, ou de o fazer, também têm a obrigação de actuar, não só para esses, mas para toda a gente.
Nós outros, como diria Eduardo Galeano, somos –normalmente– vistos como ‘nadies’, os que não temos cultura, mas folclore, olhados apenas como recursos humanos, sem nome, mas com número, os que não aparecemos na história universal, mas saímos com foto nas páginas policiais da imprensa local.
Os conformistas, os oportunistas e, se calhar, também os optimistas, dirão que não será apenas uma questão de nos habituarmos, mas sim de aprendermos. Até podemos pendurar um mapa da Europa, com a Serra da Estrela e com ou sem Ucrânia –conforme a inclinação– na parede da sala ou da despensa, tirar de lá o calendário das misses, mas sem esquecer o que diria T.S. Eliot, ‘Precisamos sempre de garantir que a sabedoria não se perca no conhecimento e na informação’.
Nesta nova normalidade, o mais importante será, como disse alguém que já não sei quem foi, ‘A vida não tem sentido, tu dás sentido à tua vida!’
António M. Oliveira
Não respeito as normas que o Acordo Ortográfico me quer impor