Trago-vos a minha companhia de pequeno almoço. Fernandinha Meireles, neta de Cecília Meireles, publica no Instagram preciosidades da grande escritora brasileira. Vou aumentando o meu conhecimento e deliciando-me. Sabiam que ela também pintava? Mas sigam a Fernandinha (fernandinhameireles) no Instagram (ela não usa Facebook) e comentem. Ela está sempre atenta.
Fernandinha se apresenta: “Eu nasci entre dois livros escritos por minha avó Cecília Meireles : Canções e Giroflé, Giroflá. Sou a primeira neta menina e correspondi completamente a tudo que me foi confiado, confessado, dedicado, autografado, doado, contado, ensinado, dado e mais, muito mais. Eu nasci na última hora, do último dia, do último mês do ano e de parto normal. É o dia da Confraternização Universal. Esperei quase um ano para ser batizada na mesma igreja onde minha madrinha e avó materna, Cecília Meireles foi batizada e foi ela quem me levou nos braços, no dia 7 de novembro, dia do aniversário dela, para a mesma pia batismal. Ela estava completando naquele dia, 56 anos e era o ano de 1957. Só mesmo minha Avó Cecília Meireles para inscrever essa história inesquecível, de amor, no meu nascimento! Me recebeu com esse amor e levou meu avô Heitor Grillo, para ser meu padrinho de batismo. Ambos me deram o nome de Fernanda: Homenagem da minha mãe ao pai dela, que chama-se Fernando Correia Dias. O pai da minha mãe cometeu o suicídio quando ela tinha 11 anos, mas ao estarem todos reunidos no meu batizado, homenageando o Vô Fernando sendo aquele dia, aniversário da Vó Cecilia, marcaram minha vida com o sinal da importância e da grandeza do Amor Absoluto. Meu pai, minhas tias, meus tios e primos também estavam. Todos reunidos. Eu sinto que é nessa esfera e atmosfera que transito e pratico toda a minha vida. E tudo que é magnífico, interessante, inteligente e sensível, me interessa. Porque só o Amor Absoluto torna essas qualidades possíveis. Minha avó me chamava por Fernandinha e escrevia Fernandinha, nas dedicatórias que escreveu para mim. Eu e minha avó temos mãe com o mesmo nome e referente a mesma pessoa: Mathilde. É que ela deu o nome da mãe dela, para a filha do meio, dela, a minha mãe. Então, talvez, eu além de neta, também fosse irmã dela… e era assim que eu me sentia. Porque ela era muito minha amiga. Eu gostava de ficar na biblioteca dela ou na varanda da biblioteca, em companhia dela. Brincava com máquina de escrever, carbonos, tinteiros, canetas, livros e papéis brancos, azuis, rosas, cremes e amarelos… mata-borrões, cor de rosa… Hoje acordei mais Fernandinha, que ontem. Procurei minha avó e li um bilhete da minha mãe, ou nossas mães: “Fernandinha, estou morrendo de saudades de você! Mamãe” A vida tem esses encontros, mesmo que ninguém saiba que isso aconteceu, você agora sabe.
Fernanda Correia Dias – in Amor Absoluto e Fernandinha
Fernanda Correia Dias, carioca, designer e estilista, considera que a avó “Ensina a ver alegria na solidão, renascimentos e, principalmente, a convivermos com nós mesmos. Ensina a nos habitarmos com felicidade. Algo que podemos todos aprender. É companhia para todas as horas. Todas. Abra, leia e sentirá a presença da irmã que você ganhou. Eu acredito na educação como a construção mais fundamental da humanidade. Foi ela que me ensinou essa importância. Difundir esse ideal é mais do que uma missão, para mim é um dever”.
A Bailarina e Ou isto ou aquilo, de Cecília Meireles, foram poemas que ela, poeta, com seu amor, lhe descreveu e a apresentou ao mundo.Foto da capa, por Fernanda Correia Dias, para a edição do livro, em 1987, e de uma ilustração, retirada do vídeo da canção de Lena D’Água, musicado por Luís Pedro Fonseca em 1992.