Não quero, nem devo, falar da figura maior de um pequeno país e quem um dia destes ouvi chamar –a imitar um japonês–qualquer coisa como ‘Taki Tali Takolá’, pelo modo como, ultimamente, tem mandado ‘bocas’ a despropósito, da religião à política, –isto só para escrever das mais flagrantes–, por tal senhor ser tão perito em comentários como em selfies, a originar críticas e piadas raramente tão benevolentes como esta.
Mas, para recordar os ensinamentos escritos do politólogo e historiador Timothy Garton Ash, num trabalho recente, ‘Liberdade de expressão não significa que deva ser permitido a qualquer pessoa dizer qualquer coisa, em qualquer lugar e a qualquer momento e, portanto, ver como este debate pode ser delicado’.
Creio que a maioria dos seus comentários, pretendendo mostrar uma aproximação constante aos problemas, não deixam de recordar aquele outro autor das ‘bocas’ da página titulada ‘Gente’, página que ajudou a vender mais exemplares de um semanário, já lá vão muitos anos.
Mas Timothy Ash acrescenta, ‘Para respeitar o outro e vivermos juntos em paz é preciso impor limites e estar atento ao que se pode e não pode dizer em público’, e não me parece que tal personagem seja muito aficionada a tais cuidados!
Creio também que tal quantidade ‘azarada’ de comentários, até faz parte de um esquema que, de tão repetido por outras personagens menos seguidas pelos media, mas não menos importantes, pretende a diminuição da importância daquilo a que até agora, se considerava a direita democrática, para fazer sobressair um populismo mais radical, a necessitar de apelar permanentemente a um passado em que a direita tenha tido algum protagonismo, para se poderem reforçar as teorias e as hipotéticas e fantasiosas vantagens de uma estrutura neoliberal.
Convém não esquecer que esse apelo ao passado inclui sempre a ideia de lei e ordem, da pátria e da família, além dos perigos de um qualquer reacender das ideias comunistas, que os acontecimentos actuais ajudam grandemente, argumentos que uma classe média temerosa –salários, habitação, preços, emigração e desemprego– acolhe com facilidade, a beneficiar ainda de um nacionalismo identitário, também favorecido pelas redes sociais.
Aliás, e de acordo com o último relatório da ‘International Idea’, uma organização intergovernamental no âmbito das Nações Unidas, para avaliar o desempenho das democracias no mundo, os regimes democráticos retrocederam nos últimos anos, de tal maneira que abrangem apenas cerca de trinta por cento da população mundial.
E talvez não venha a despropósito, relembrar aqui, que os grandes perdedores desta situação, parecem ser as crianças pois, de acordo com a UNICEF, as guerras e a crise económica actual, criaram mais quatro milhões de crianças pobres, cujas consequências, garante a Organização, vai muito mais além das dificuldades económicas das famílias, principalmente no Leste da Europa e na Ásia Central.
‘Se não apoiarmos agora estas crianças e as suas famílias, o forte aumento da pobreza infantil, acarretará certamente vidas perdidas, como a perda da escolarização e de futuros’, assim como também ‘Poderá levar a morte de outras 4.500crianças antes do primeiro aniversário, e ao abandono escolar de mais 117.000 só neste ano’ alertou Afashan Khan, director regional daquela Organização para Europa y Asia Central.
Mas voltando ao pequeno país do tal comentador, e baseando-me apenas nas notícias não comentadas e garantidas como esta no DN, ‘Os dados da Pordata para o Dia Internacional da Pobreza, assinalado segunda-feira, dia 17, revelam que o número de pessoas em risco de pobreza ou de exclusão social aumentou 12,5% em 2020, comparativamente a 2019, a primeira subida desde 2014. Os mais ricos estão mais ricos e os mais pobres, mais pobres. Conclusão: recuámos. Somos o segundo país com mais pessoas a viver em más condições materiais’.
Alguém deixou escrito um dia, –não me lembro das palavras exactas– mas foi qualquer coisa como isto, ‘Podemos dar sentido à vida através das relações com os outros, do trabalho que fazemos para eles e do sofrimento e dor que penamos para os ajudar’.
Deve ser apenas a tradução, para a linguagem ocidental, de um dito dos antigos índios norte-americanos, se calhar vulgar antes da chegada dos cobóis, ‘Não julgues uma pessoa sem ter caminhado algumas horas com os seus mocassins’.
António M. Oliveira
Não respeito as normas que o Acordo Ortográfico me quer impor
Leio sempre com muito interesse os artigos do nosso argonauta António Oliveira. Neste a citação de Timothy Ash, “Para respeitar o outro e vivermos juntos em paz é preciso impor limites e estar atento ao que se pode e não pode dizer em público” leva-me a pensar na palavra liberdade, e mais em particular a dita liberdade de a Ucrânia aderir à NATO. Desde pequenino fui ensinado que a minha liberdade termina onde começa a liberdade do outro, o que é válido para todos os aspetos da vida. Mais válido ainda se estamos a lidar com questões existenciais. Esta noção pode-se dizer que de algum modo impregna o que habitualmente se designa por “bom senso” na vivência da realidade. Bom senso, boa falta está a fazer nos nossos dirigentes que nos meteram numa guerra que não a pedimos, não a queremos e nada adianta aos nossos interesses como país e como povo… bem pelo contrário, como estamos a ver pela grave degradação das nossas condições de vida.
Obrigado pelo seu comentário, que daria origem a uma enorme tese.
Mas, para encurtar, lembro-me sempre do filósofo Emmanuel Levinas, que dizia qualquer coisa como isto: ‘O reconhecimento do rosto do outro é o começo de uma vida ética. Toda a ética nasce de fazer que a liberdade do outro seja semelhante à minha’
Mas a ética é uma questão complicada nestes tempos, por todas as razões, especialmente se olhada de cima para baixo.
Espero ter respondido e um abraço
A.O.
Leio sempre com muito interesse os artigos do nosso argonauta António Oliveira. Neste a citação de Timothy Ash, “Para respeitar o outro e vivermos juntos em paz é preciso impor limites e estar atento ao que se pode e não pode dizer em público” leva-me a pensar na palavra liberdade, e mais em particular a dita liberdade de a Ucrânia aderir à NATO. Desde pequenino fui ensinado que a minha liberdade termina onde começa a liberdade do outro, o que é válido para todos os aspetos da vida. Mais válido ainda se estamos a lidar com questões existenciais. Esta noção pode-se dizer que de algum modo impregna o que habitualmente se designa por “bom senso” na vivência da realidade. Bom senso, boa falta está a fazer nos nossos dirigentes que nos meteram numa guerra que não a pedimos, não a queremos e nada adianta aos nossos interesses como país e como povo… bem pelo contrário, como estamos a ver pela grave degradação das nossas condições de vida.
Obrigado pelo seu comentário, que daria origem a uma enorme tese.
Mas, para encurtar, lembro-me sempre do filósofo Emmanuel Levinas, que dizia qualquer coisa como isto: ‘O reconhecimento do rosto do outro é o começo de uma vida ética. Toda a ética nasce de fazer que a liberdade do outro seja semelhante à minha’
Mas a ética é uma questão complicada nestes tempos, por todas as razões, especialmente se olhada de cima para baixo.
Espero ter respondido e um abraço
A.O.