Seleção e tradução de Francisco Tavares
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Alemanha: a economia sofre um novo golpe com muitas empresas a ponderarem abandonar o país
Publicado por em 6 de Junho de 2023 (original aqui)

Um estudo realizado pela Federação das Indústrias Alemãs (Bundesverband der Deutschen Industrie, BDI) revela que várias empresas estão a transferir postos de trabalho e produção para o estrangeiro, num contexto de preocupações crescentes com a economia alemã.
Enquanto 16% das médias empresas inquiridas pelo BDI já tomaram medidas para deslocalizar parte das suas actividades, o estudo revela que 30% delas estão a considerar tomar medidas concretas para seguir o exemplo.
“Quase dois terços das empresas inquiridas consideram que os preços da energia e dos recursos são um dos desafios mais prementes”, afirmou Siegfried Russwurm, Presidente da BDI.
“Os preços da eletricidade para as empresas têm de baixar de forma fiável e permanente para um nível competitivo, caso contrário, a transformação [verde] das empresas fracassará”, afirmou, acrescentando que é “responsabilidade dos políticos melhorar as condições para as empresas na Alemanha”.
Preocupações semelhantes surgiram depois de os EUA terem publicado a sua Lei de Redução da Inflação (IRA), no valor de 500 mil milhões de dólares, que oferece subsídios generosos à indústria verde.
Em resposta à IRA e à subida dos preços da energia, o gigante dos carros eléctricos Tesla abandonou os ambiciosos planos de construir a sua maior fábrica de baterias perto de Berlim e anunciou, em Fevereiro, que se iria concentrar no mercado norte-americano.
Recentemente, surgiram também preocupações sobre a economia alemã e a sua competitividade global, com a Comissão Europeia a prever, no mês passado, que o país será uma das economias de crescimento mais lento da zona euro em 2023.
Os elevados custos da energia e os preços do carbono na UE têm sido repetidamente citados como razões para prejudicar o país enquanto local de implantação de empresas.
Clemens Fuest, presidente do Ifo, o principal instituto de investigação económica da Alemanha, disse ao Augsburger Allgemeine, em Abril, que “o investimento em indústrias de energia intensiva diminuiu significativamente na Alemanha”.
O ministro alemão da Economia, Robert Habeck, está a levar a questão a sério.
No mês passado, propôs um pacote de medidas para reduzir os preços da eletricidade para as empresas, incluindo subsídios temporários.
Na segunda-feira (5 de Junho), Habeck anunciou que as empresas alemãs poderiam participar num programa de “contratos de compensação de carbono”, que subsidiaria a transição para um processo de produção neutro em termos de carbono para os candidatos seleccionados.
Entretanto, o BDI deixou clara a sua convicção de que são necessárias reformas mais abrangentes.
“As indústrias alemãs precisam de menos burocracia e de reduções fiscais específicas para poderem continuar a investir”, afirmou Russwurm na segunda-feira.
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O autor: Nick Alipour juntou-se ao EURACTIV na primavera de 2023 como repórter que cobre os centros de Política e Europa Global a partir de Berlim. Antes disso, trabalhou para meios de comunicação social no Reino Unido e na Alemanha e em marketing e redes sociais numa start-up de IA. Estudou política e filosofia, bem como teoria política, na London School of Economics.