O ECOCÍDIO É TAMBÉM UM SUICÍDIO, por JOSÉ EUSTÁQUIO DINIZ ALVES

OBRIGADO A JOSÉ EUSTÁQUIO DINIZ ALVES E AO ECODEBATE

 

“A mentira é o único privilégio do ser humano sobre todos os outros animais”
Fiódor Dostoiévski (1821-1881)

 

A discriminação contra as espécies não humanas e a escravidão animal (Especismo) são crimes que podem ser considerados de maior volume e de maior ameaça existencial do que o racismo, o sexismo, o etarismo, a homofobia e o xenofobismo.

Dia Mundial pelo fim do Especismo e por uma sociedade ecocêntrica, vêm se somar à luta pela justiça social e contra todas as formas de discriminação, ao mesmo tempo que busca combater a crise climática e ambiental com respeito aos direitos humanos e aos direitos da natureza, buscando soluções de sobrevivência humana, de maneira harmônica e amigável com o meio ambiente.

O mundo precisa de uma revolução paradigmática, pois a ideia do “desenvolvimento sustentável” tem se transformado em um grande fracasso global. Os empresários, banqueiros, políticos e muitos sindicalistas e líderes populares compartilham o sonho de um crescimento econômico ilimitado e de uma produção abundante de bens e serviços para gerar uma enorme prosperidade humana de forma ambientalmente sustentável.

Mas, na prática, o que tem ocorrido é que a expansão das atividades antrópicas está gerando um grande desequilíbrio no Planeta, acelerando dois vetores que são uma ameaça existencial à vida na Terra: 1) o aquecimento global e 2) a 6ª extinção em massa da espécies.

aumento da temperatura é uma grande ameaça à vida na Terra. O crescimento das emissões de CO2 tem aumentado a concentração de gases de efeito estufa, o que provoca a aceleração do aquecimento global. Ou seja, uma espécie egoísta tem usufruído da riqueza natural e todas as demais espécies estão pagando o preço com a redução da biodiversidade.

O mês de julho foi o mais quente dos últimos 120 mil anos e superou o limiar de 1,5º Celsius em relação ao período pré-industrial. O gráfico abaixo, da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), mostra a variação mensal da temperatura durante os meses de julho de 1850 a 2023 em relação à média do século XX. Nota-se que julho de 2023 se destaca em relação aos anos anteriores e que a reta de tendência da última década indica uma aceleração do aquecimento para 0,33º Celsius por década. Isto quer dizer que em breve o limite de 1,5º C do Acordo de Paris será ultrapassado e que o patamar de 2º C está cada vez mais perto.

aumento da temperatura intensifica os eventos climáticos extremos como as enchentes, os furacões e as queimadas e incêndios. O Relatório Planeta Vivo 2022, do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), revela uma queda média de 69% nas populações de animais selvagens em 4 décadas.

As cinco extinções em massa anteriores ocorreram ao longo da história da Terra devido a eventos cataclísmicos, como impactos de asteroides, erupções vulcânicas em grande escala e mudanças climáticas extremas. No entanto, a sexta extinção é única porque é predominantemente impulsionada por ações humanas, como desmatamento, poluição, mudanças climáticas, degradação do habitat, caça excessiva e introdução de espécies invasoras.

Os efeitos da sexta extinção em massa são preocupantes, pois além de erradicar espécies inocentes e inofensivas, a diminuição da biodiversidade é fundamental para a saúde dos ecossistemas e para o bem-estar humano. A perda de espécies pode levar a desequilíbrios ecológicos, afetando a polinização de culturas, a qualidade do solo e a produção de alimentos.

O manifesto do Dia Mundial pelo Fim do Especismo (DMFE) diz: “A fronteira da espécie não é, e não pode ser, uma fronteira moral. Nossa sociedade deve evoluir para incluir os animais no nosso círculo de consideração moral”. O vegetarianismo e o veganismo são imperativos da ética de defesa animal.

Desta forma, é preciso abandonar a distopia do Antropoceno e abraçar a utopia do Ecoceno. Não custa lembrar que a natureza não precisa das pessoas, mas as pessoas são totalmente dependentes da natureza. A humanidade precisa ser menos autocentrada e necessita adotar uma perspectiva ECOCÊNTRICA.

Para evitar o especismo, o ecocídio e a Aniquilação Biológica, todas as pessoas, em suas diferentes identidades e inserções sociais, deveriam participar das atividades, no dia 26 de agosto, do DIA MUNDIAL CONTRA O ESPECÍSMO.

José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

Referências

Dia Mundial pelo fim do Especismo: 26 de agosto de 2023
https://www.end-of-speciesism.org/pt/

PIRES, Mathias. Aula 2 AM088 – Vivemos uma crise da Biodiversidade? IFGW,12/07/2021
https://www.youtube.com/watch?v=AOwYMeX6w08&list=PL_1__0Jp-8rhsqxcfNUI8oTRO1wBr86fh&index=2

ALVES, JED. Aula 11 AM088: Decrescimento demoeconômico e capacidade de carga do Planeta, IFGW, 11/04/21 https://www.youtube.com/watch?v=QVWun2bJry0&list=PL_1__0Jp-8rhsqxcfNUI8oTRO1wBr86fh&index=9

 

Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

A manutenção da revista eletrônica EcoDebate é possível graças ao apoio técnico e hospedagem da Porto Fácil.

 

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate com link e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

 

https://www.ecodebate.com.br/2023/08/23/o-ecocidio-e-tambem-um-suicidio/

 

3 Comments

  1. Com todos os problemas que levanta, o chamado antropoceno tem tirado e continua a tirar centenas de milhões de humanos de situações de fome e miséria. Antes de embarcar numa nova utopia que poderá não passar disso, é necessário avaliar as novas políticas ambientais, garantindo que não terão mais consequências perversas como as que decorrem do abandono forçado da energia neclear, que não vão prejudicar economicamente tanto os pobres como as classes médias que são, estas, o suporte da vivência democrática e, ainda evitar a geração de novos fundamentalismos como os que agora estão em moda.

  2. O autor terá as melhores intenções do mundo, vai sem discussão ! Mas na substância a argumentação supostamente demonstrativa dava chumbo certo a qualquer caloiro. Só para exemplo: o gráfico relativo à alegada evolução das temperaturas de Julho. No período referido, os locais de recolha de dados são os mesmos ? Supondo que sim: os métodos de recolha e a envolvente, mantiveram-se idênticos ? Se não, qual o critério de rigor estatístico que permite comparar o que não é comparável ?
    Tentando ser ainda mais concreto e pensando em Lisboa: qual dos quatro pontos de recolha de dados do IPMA actualmente existentes compara com a informação recolhida em 1900 ? Lisboa de 1900 e a actual serão a mesma coisa no que ao comportamento micro climático diz respeito? Mais: a medição a olho feita pelo encarregado da portaria do ISA até aos anos oitenta compara directamente com a informação actual dos terminais electronicos ?
    Sintese: o referido tem implicações na tipificação climática de Lisboa ? Nenhuma ! Mas se o propósito for o de medir variações na casa das décimas, o caso muda de figura e dá pelo nome de desonestidade intelectual – coisa até há pouco considerada grave.

Leave a Reply