UMA CARTA DO PORTO – Por José Fernando Magalhães (572)

 

 

Em Terras do Minho às Beiras, Verdes e Húmidas

 

Ter terra, colorida e bem tratada, faz as gentes mais alegres e mais sãs, mas atualmente, como que a contrariar essa verdade, essas gentes estão cada vez mais afastadas das lides duras que ela impõe. Cada vez há mais terras ao abandono, tristes e secas, sem haver quem as cuide.  Com o que a terra bem tratada nos dá, ou pode dar, enchem-se as pipas e as arcas, com vinho, legumes, pão e fruta, e também com a criação. Uma riqueza por vezes farta, muitas vezes incerta.

Ter terra é a melhor posse que se pode ter, e a melhor forma de possuir algo realmente valioso. É ter um lugar de trabalho, de meditação e de repouso. É ter trabalho pesado e desconsiderado, e compensação frouxa, a condizer. Em terras de minifúndio que já foram, ou são, Minho, ou nas Beiras ou em Trás-os-Montes, pouco mais é que posse de subsistência. Uma posse esquecida e minimizada pela maior parte de nós, já que ninguém a quer trabalhar, e que, apesar de bela e retemperadora, é dispendioso tê-la.

Entretanto surgiu uma nova ordem global que preocupa e desmoraliza. A nova ordem dos alimentos, da economia, das cidades 15 minutos, da redução populacional, da imposição de religião única e universal, da moeda virtual, e a de um único país e governo que deterá todo o poder, tudo governará e será senhor absoluto de toda a propriedade rural e urbana.

Como virá a ser o nosso futuro perante estas transformações tão radicais, baseadas na “salvação do nosso planeta”? Como poderemos enfrentar a imposição deste estado de coisas, que parece mais perto do que longe?

Ando inquieto e entendo que precisamos reflectir e procurar soluções.

Certamente que o caminho a seguir será sempre moldado por escolhas individuais e coletivas, mas não podemos permitir que a nossa falta de cuidado e a imposição de uma nova ordem global nos roubem a nossa essência, a nossa relação com a natureza e a nossa autonomia como sociedade, e devemos enfrentar os desafios com resiliência e procurar soluções que preservem o nosso patrimônio cultural, a nossa identidade e a nossa qualidade de vida.

Devemos lutar pela preservação da natureza, pela agricultura sustentável e por modelos económicos que promovam a justiça social e ambiental. A proteção das terras e a valorização dos recursos naturais devem ser uma prioridade para garantir um futuro mais equilibrado e próspero.

Temos de encontrar medidas que nos ajudem a preservar as terras abandonadas, incentivando as pessoas a cuidarem delas e a revitalizá-las. Temos de estar atentos aos desafios e dilemas que esta nova ordem global nos traz, e não podemos aceitar esta imposição de um sistema político, económico e social que tenda a suprimir a existência da posse, livre arbítrio, livre expressão, e livre circulação de pessoas e de bens, colectivizando os meios de produção, criando guetos, monitorizando pessoas a todo e qualquer momento através de “chips”, e câmaras de filmar estrategicamente colocadas, sempre com a “desculpa” da protecção e salvaguarda de pessoas e bens, e, acima de tudo, do planeta.

 

 

 

 

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