SE A BENNETON NÃO USAVA A FÁBRICA ONDE MORRERAM TODAS AQUELAS PESSOAS, COMO ESTAVAM ALI ESTAS CAMISAS? Por ZACHARY M. SEWARD

 Selecção, tradução e introdução por Júlio Marques Mota

Ver http://qz.com/79173/benneton-says-it-wasnt-making-clothes-in-bangladesh-factory-where-377-died-so-what-is-this/

Que os mentirosos como Pascal Lamy,  antigo director-geral da   OMC, como  o Comissário europeu para o Comércio,  Karel De Gucht, como ainda agora a OCDE com o seu relatório Un accord sur la facilitation des échanges se traduirait par un gain de plusieurs milliards de dollars pour l’économie mondiale, que ponham todos eles os olhos na verdade que agora toda a gente conhece  e que os dois desastres no Bangladesh mostraram agora bem à evidência; a desindustrialização da Europa, dos Estados Unidos, do Canadá, em suma dos países  desenvolvidos é feita à custa da desgraça que criam por aqui e que ampliam lá fora onde se deslocalizam, porque as suas ideias assentam na mais profunda mentira quando ao comércio internacional: digam eles, com os altos ordenados que ganham o que é que entendem  por concorrência não falseada, por  level playing field, para utilizar uma expressão corresponde da linguagem americana, ideia essa com a qual tem desprotegido completamente o continente europeu e não só, todo o mundo desenvolvido. E já agora tenham um  mínimo de dignidade em nos dizer quem é que olha pelo respeito das regras que essa ideia de concorrência exige?  Simplesmente tudo isso se passa da forma como agora o vemos claramente porque  estes canalhas, outro adjectivo não merecem, entendem que o trabalho como mercadoria pode ser sujeita ao valor mínimo possível, mesmo que com este se aproximem das condições que deixam de garantir a reprodução dos trabalhadores como classe.  E a razão é simples para estes senhores, é que  há trabalhadores a mais, estes são pois descartáveis, elimináveis. E não é isso que querem fazer agora em Portugal?

Júlio Marques Mota

P. S. E se a Benetton não estava a utilizar a fábrica de Bangladesh, onde morreram 377 pessoas, porque é que estão então estas camisas nos escombros?

Ver filmes no fim deste post, sobre o que se passa nas fábricas do Bangladesh.

If Benetton wasn’t using the Bangladesh factory where 377 died, why are these shirts in the rubble?

Por Zachary M. Seward @zseward

 benneton - IA shirt labeled “United Colors of Benneton” found in the rubble, along with an attendance sheet for workers. AP Photo / Kevin Frayer

Benetton, uma marca italiana da moda,  conhecida pelas suas  campanhas publicitárias provocadoras em que pretendem estar a defender causas progressistas, negou qualquer vínculo com a fábrica de roupas em Savar, Bangladesh, que desabou na semana passada, matando pelo menos 377 pessoas. “Nenhuma das empresas envolvidas são fornecedores do Grupo Benetton ou de qualquer de suas marcas”, disse a empresa no dia 24 de abril.

Mas há evidências de que as roupas Benetton estavam de facto a serem produzidas nesta fábrica, conhecida como Rana Plaza. As fotografias tiradas no local pela Associated Press e pela Agence France-Presse mostram claramente camisas com as etiquetas da marca “United Colors of Benetton”. Estas são fotos da AP, e aqui está mais uma prova documental da AFP:

benneton - IIVery clearly a Benneton shirt.AFP Photo / Munir Uz Zaman

Benetton não respondeu aos e-mails e às nossas chamadas telefónicas para comentar estas provas.  O seu Twitter tem estado em silêncio desde que a empresa negou há quatro dias que aí não se fabricavam produtos para a Benetton.

New Wave Bottoms, um dos fabricantes com base em Rana Plaza, tem na sua lista a empresa Benetton como um dos seus clientes. Os activistas dos direitos dos trabalhadores em questão cavando entre os escombros também disseram ter encontrado documentos ligando Benetton com esta fábrica .

Benetton não é a única, nem mesmo é a maior empresa de roupas com laços com a fábrica; os americanos de Wal-Mart, a Primark da Irlanda e os canadianos, Joe Fresco, todos eles mandam fazer as roupas aqui.  Mas a negação inicial da Benetton e seu activismo social pode tornar esta empresa como um alvo maior da critica quanto à divisão internacional do trabalho. A empresa produz a maioria das suas roupas no Bangladesh, que é o segundo maior exportador de vestuário do mundo, depois da China.

Os trabalhadores nas fábricas de vestuário, como a que caiu na semana passada ganham um salário mínimo que é de 3.000 taka (US $ 38) por mês. As condições de trabalho são notoriamente brutais e de uma insegurança total. Um dia antes de Rana Plaza ter caído como nem um castelo de cartas , largas fendas apareceram nas partes laterais do prédio, o que levou um banco e outras lojas de venda ao público no primeiro andar a fecharem. Mas as fábricas de vestuário nos andares acima ficaram em laboração e o edifício caiu em pedaços no dia seguinte. O número de mortos é agora de 377 mas julga-se que este número ainda vai subir mais.

O dono do prédio, Rana Sohel, foi preso no domingo pelas forças paramilitares de Bangladesh, quando este tentava atravessar a fronteira e fugir para a Índia.

Veja o filme A FACE ESCONDIDA DA GLOBALIZAÇÃO, de The National Labour Comitee, em quatro partes. Primeiro indicamos os links:

1ª parte

http://www.youtube.com/watch?v=8Bhodyt4fmU&list=PL23659FF6B7319AD5&index=3

2ª parte

http://www.youtube.com/watch?v=a0IBM7_BvTw&list=PL23659FF6B7319AD5

3ª parte

http://www.youtube.com/watch?v=dx8VPjRKOkY&list=PL23659FF6B7319AD5

Conclusão

http://www.youtube.com/watch?v=2wqBRWa0fno&list=PL23659FF6B7319AD5

Agora uma url:

2 Comments

  1. Só um pequeno reparo: no momento em que o artigo foi escrito, o número de vítimas confirmadas seria 377. Neste momento, esse número já ultrapassou o milhar! Isto é: mais de um terço das pessoas que foram obrigadas pelos patrões (e assassinos) a continuarem a trabalhar, por salários baixíssimos e péssimas condições de laboração, num edifício cuja deterioração era bem visível!
    Coisas que hão-de continuar a existir no Bangladesh e noutros países em “acelerado desenvolvimento” (a China, a Índia e outros que tais já podem orgulhar-se de terem um elevado número dos seus “empreendedores” entre os chamados “mais ricos do Mundo” e a Isabelinha Santos já é a mulher mais rica de África – são só alguns exemplos de excepcional “dinamismo empresarial”…) e que as “grandes marcas” – coitadas – que só querem ajudar o tal desenvolvimento, não conseguem descortinar, por mais que imensamente se esforcem!
    Talvez também se fabriquem por aquelas paragens umas boas lentes para distribuir, aplicadas em armações de luxo, pelos preclaros e, naturalmente, caritativos – e, quiçá, mui tementes a um qualquer deus (à escolha) – gestores e accionistas dessas “marcas”…

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