Crónica de Chipre – por Carlos Godinho

(Publicado em Todos Somos Portugal, em 02-09-2011)

 

 

2001

 

Foi neste ano que jogámos pela última vez aqui em Chipre. O jogo realizou-se em Larnaca, num estádio sem o mínimo de condições, num ambiente deplorável, com uma temperatura e humidade muito altas. Não foi fácil ganhar, e sofremos a bem sofrer. O resultado final, 3-1, não espelhou as dificuldades que sentimos para levar de vencida uma equipa aguerrida. Esse resultado praticamente deu-nos a qualificação para o Mundial de 2002 de má memória, faltando-nos a seguir vencer a Estónia em casa o que viria naturalmente a acontecer. Daqui a pouco uma vitória poderá embalar-nos para o Euro 2012 e é só nesse resultado que pensamos. Todo o grupo, técnicos, jogadores, dirigentes e restante staff aguarda o momento com ansiedade, sabendo que o país do futebol tem confiança nos seus representantes.

 

Chipre

 

Chipre é actualmente o único país do mundo dividido por um muro, excepção à situação não similar de Israel e Palestina, que ficam aqui bem perto. Desde 1974 que o mesmo povo se encontra separado por obra e graça de políticos, religiosos e sobretudo teimosia dos homens. Visitei a ilha pela primeira vez em 2001 e nota-se, desde então, uma acentuada evolução derivada da adesão à União Europeia. Não se percebem os motivos desta continuada separação já que os tempos actuais são bem diferentes de 1974 e de facto ninguém ganha com a situação. Os locais com quem falei têm esperança que um dia se resolva. Um dia que parece vir ainda um pouco longe. Em comum, existe o calor, que torna este local num sítio abrasador durante o dia. A lembrar o interior do Alentejo nos seus piores dias de canícula, mas por aqui os dias têm meses, e nesta zona de Nicósia não existe qualquer brisa fresca ao contrário de Larnaca e Limassol, que se situam junto ao Mediterrâneo. Os cipriotas sabem que este factor pode jogar a seu favor provocando um grande desgaste nos adversários, embora Portugal não seja propriamente um país nórdico.

 

Mas que aquece, aquece…

 

 

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Carlos Godinho nasceu em 1950, em Lisboa, oriundo de uma família do Barreiro. (“Nasci em Lisboa, por empréstimo. Toda a minha família e sentimentos estão no Barreiro. Sou do Barreiro”, disse-nos). Em 1982 entrou na Federação Portuguesa de Futebol, integrando o núcleo responsável pela implementação do Sector da Formação de Quadros Em 1984, passou a fazer parte do grupo que criou o Departamento Técnico da Federação. Em Agosto de 1984, foi um dos artífices do Departamento Técnico da Federação, ficando ligado às áreas de Formação, Selecções Nacionais de Juniores e Associativismo Juvenil; em Setembro de 1989 foi nomeado Secretário do Departamento de Futebol Júnior; em Agosto de 1991 ocupou o cargo de Secretário Coordenador do Departamento Técnico e, em Janeiro de 1999, o de Director do Departamento Desportivo e Técnico. Finalmente, em Janeiro de 2003 foi nomeado Director Desportivo da Selecção Nacional “AA” É o actual Director do Departamento de Futebol da F.P.F.

 

Principais actividades desenvolvidas: Organizador de diverso torneios da FPF entre 1985 a 2004; organizador do 1º Torneio dos PALOPS, 1º Torneio da Lusofonia, e da 1ª Meridian Cup UEFA/CAF; Secretário Técnico das Selecções Nacionais de Juniores de 1987 a 1994, em cerca de 200 jogos; Secretário Técnico da Selecção Nacional “AA” entre Agosto de 1991 e Novembro de 2002, num total de 108 jogos. Director Desportivo da Selecção Nacional “AA” de Janeiro 2003; integrou as Delegações das Selecções Nacionais de Sub/18 – 1990 e Sub/20 – 1991 que se sagraram Vice-Campeãs da Europa e do Mundo; responsável pelo dossiê de candidatura aos Europeus de Sub/17 e Sub/19, que originou a atribuição pela UEFA a Portugal da organização do Europeu Sub/17 em 2003. Membro da Comissão Executiva de Candidatura ao Euro 2004; responsável pelos projectos de organização da Selecção Nacional nos Europeus de 1996, 2000, 2004 e 2008 e Mundiais 2002 e 2006, tendo integrado as delegações nessas três provas; foi distinguido com a Medalha de Ouro ao Mérito Internacional da FPF, da Medalha de Mérito Desportivo do Governo Português atribuídas em 1991 e da Comenda da Ordem do Infante D. Henrique atribuída pelo Presidente da República em 2006.

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