Garcia Lorca e Manuel da Fonseca. Dois poetas em confronto – por Manuel G. Simões -(1) texto de António Gomes Marques

 

 

 

A
Garcia Lorca e Manuel da
Fonseca.

Dois poetas em
confronto

de Manuel G. Simões, com a presença do autor.

[edição Assírio & Alvim]

Realizou-se ontem pelas 16:00 horas, no Museu do Neo- Realismo, em Vila Franca de Xira, a apresentção do livro do nosso colaborador Manuel Simões “Manuel da Fonseca e Federico García Lorca – Dois Poetas em Confronto”, uma edição da Assírio & Alvim. A apresentação deste estudo foi feita por outro colaborador de A Viagem dos Argonautas, António Gomes Marques. É o texto dessa apresentação que vamos apresentar. Pela sua extensão, foi dividido em quatro segmentos. Apresentamos hoje o primeiro.

 

Os frequentadores destas sessões no Museu do Neo-Realismo saberão que Manuel Simões, tendo em conta as

 vezes que aqui esteve a fazer a apresentação de livros de outros autores, é licenciado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e em Línguas e Literaturas Estrangeiras pela Universidade de Veneza, tendo ensinado Língua e Literatura Portuguesa na Universidade “Cà Foscari,” de Veneza. Viveu em Itália desde 1971 até à justa aposentação em 2001. Hoje ainda acontece ser o Manuel convidado a dirigir, em várias regiões de Itália, Seminários sobre a temática em que é um reconhecido especialista. Conhecê-lo-ão também das constantes colaborações na revista Nova Síntese, da Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo, tendo sido até o coordenador do n.º 5, o último, que tratou de «A Poesia do Neo-Realismo», mas talvez já não o conheçam tão bem na sua actividade de ensaista, de que a obra que hoje apresentamos, «García Lorca e Manuel da Fonseca – Dois Poetas em Confronto», é um dos exemplos mais notáveis do seu labor, como também nem todos terão um conhecimento aprofundado da sua criação poética.

 

Os seus primeiros livros de poesia, «Crónica Breve», de 1971, e «Crónica Segunda», de 1976, foram publicados na colecção Nova Realidade, que criou com Carlos Loures e Júlio Estudante, em Tomar, em 1966. Segue-se em 1987 «Canto Mediterrâneo», de 1987, em 1998 «Errâncias» e, em 2005, «Micromundos». No entanto, não podemos encerrar este parágrafo sobre a sua obra poética, sem mencionar o pequeno volume de poemas em italiano «Sereninsula» e sem deixar de mencionar as antologias poéticas, em colaboração com Carlos Loures, «Hiroxima» (1967), «Vietname» (1970), que despertaram a atenção da PIDE, e «Poemabril», antologia de depoimentos de alguns dos «Capitães de Abril» e poemas de 60 poetas portugueses. De mencionar também «Poeti Portoghesi Contemporanei», uma antologia bilingue de poetas portugueses da segunda metade do século XX, editada pelo Centro Internazionale della Grafica di Venezia, com o apoio do Instituto Camões e do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas.

 

No que à sua obra ensaística se refere, continua o Manuel Simões a publicar, para além dos ensaios na Nova Síntese, na Rivista di Studi Portoghesi e Brasiliani e na Rassegna Iberistica vários estudos sobre a literatura em língua portuguesa, de que destacamos só para dar um exemplo, «O tema do retirante e outros temas nordestinos na narrativa caboverdiana». Para além do livro de que hoje apresentamos a 2.ª edição, mas primeira em Portugal, dado que a sua primeira edição aconteceu em Itália, graças ao Istituto Editoriale Cisalpino-La Goliardica,em 1979, não podemos deixar de referir a Introdução e notas à edição de «Alma Nova», de Guilherme d’ Azevedo (1981); a «Apresentação crítica, selecção e fixação do texto, notas e sugestões para análise literária» do volume «A literatura de viagens nos séculos XVI e XVII» (1985) e de o «Auto da Índia», de Gil Vicente, assim como as obras «O Olhar Suspeitoso – Viagens e Discurso Literário» (2001) e «Tempo com Espectador – Ensaios de Literatura Portugues» (2011).

 

Da alta qualidade da sua poesia tem tratado, na revista Colóquio/Letras, o Professor Fernando J. B. Martinho, assim como o Professor Roberto Vecchi, que  foi seu aluno, no prefácio a «Micromundos».

 

Atentando nos títulos da sua obra ensaística, logo somos levados a pensar que a razão de tal labor tem a ver, sobretudo, com a sua actividade de Professor de Língua e Literatura Portuguesa, em proveito, portanto, dos estudantes destas matérias. Até algumas encomendas propostas por editores de obras para o ensino secundário e universitário vêm ao encontro do que move Manuel Simões na sua actividade profissional – trabalhar para abrir caminho aos estudantes nos seus estudos, como Professor dedicado, consciente das necessidades dos seus discípulos, politicamente empenhado na divulgação da riqueza da cultura portuguesa, em Portugal e, no caso dele, também em Itália. Acrescento, pelo conhecimento que tenho, fruto de uma amizade de várias décadas, que o seu labor é também a demonstração de uma cidadania exemplar.

 

 

O reconhecimento deste notável trabalho de investigação e também da consideração em que o têm os seus antigos alunos, pôde verificar-se na recente apresentação que o Professor Roberto Vecchi, com um texto notável, fez do já citado livro «Tempo com Espectador», na Livraria Bulhosa do Campo Grande, em Lisboa.

 

(Continua)

 

 

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