A Arte – Eva Cruz

 

 

Eva Cruz  A Arte

 

 

(Adão Cruz)

 

 

Quem somos nós para dizer o que é a arte? Constante invenção de um permanente epítome da vida? Criação de formas da actividade humana dentro de uma estética de formatividade? A descoberta da artisticidade intrínseca que existe dentro de cada um de nós? Intuição do sentimento? Missão e dever do homem na investigação apaixonada da disposição ética das formas?

 

Para além do poder emotivo e criativo, a arte, em termos sociais e pedagógicos tem para nós uma finalidade formativa muito mais abrangente que o “restrito” conceito de “arte pela arte”. Sabemos que, filosoficamente, este “restrito” tem ambições de absoluto, o que se nos afigura ser, a um tempo fascinante e perigoso, na medida em que podem desaparecer as fronteiras pessoalistas e a penetração da obra na sociedade como expressão cultural e humana do criador.

 

Sabemos que poderão ser consideradas prosaicas dentro da poética de muitos artistas, estas nossas considerações, mas, dentro do Ensino, não conseguimos dissociar a arte das nossas concepções pedagógicas. Assim, choca-nos o individualismo, a parcialidade emotiva, o elitismo tantas vezes infundado. Pelo contrário, inclinamo-nos para uma luta de plenitude que inclua a humanidade como centro de cultura, para uma luta de universalidade que abrace o mundo de forma humana, entendível, solidária. Somos dos que pensam que a arte, sem deixar de perseguir a pureza, pode constituir um elo entre o indivíduo, a vida e a comunidade. Conscientes de que, quando a reflexão e o juízo se desenvolvem, a arte pode morrer, pensamos, contudo, que o pensamento realizado no interior da actuação formante, pode dilatar-lhe o conteúdo e a memória. O reflexo e a interpenetração da obra na humanidade não a desmerecem, antes podem dar-lhe a riqueza que ela muitas vezes procura e não encontra no formalismo “estéril” de conceitos geradores de equívocos.

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