LIVROS PROIBIDOS NOS ÚLTIMOS TEMPOS DA DITADURA- 44 – por José Brandão

Como sempre, a polícia estava no avesso do   bom gosto, da qualidade – com excepções, o que proibia era bom. Por exemplo, o Mundo do Sexo, de Henry Miller é um excelente romance – com uma ou outra descrição mais escabrosa e muitíssimos palavrões. A PIDE zelava pelos bons costumes. Livros de Rui Namorado, Palma Ferreira, Rogério Freitas, dois livros de Sartre…

 

Mas escolhemos para comentar O Motim, uma peça de teatro de Miguel Franco, publicada em 1963 e levada à cena em 1965 no Teatro Avenida, pela companhia do Teatro Nacional D. Maria II.

 

 Baseada no romance histórico de Arnaldo Gama Um Motim há Cem Anos, publicado em 1861,  esta peça histórica tem como tema um levantamento no Porto, em 1757, contra a criação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro. Considerado rebelião, foi punido duramente por ordem de Sebastião José de Carvalho e Melo. 30 cidadãos amotinados foram executados. A dureza da pena, o encarceramento, os interrogatórios e a coragem com que um dos acusados, Tomás Pinto, enfrenta torcionários e juízes, configurava uma atitude de resistência e de dignidade que desagradava à polícia política. Porque seria?A exibição da peça foi também proibida após a sexta representação.

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